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- 02/12/2020 - Seria desserviço não usar nossa fonte de urânio', afirma analista ao apoiar iniciativa do governoPaís tem uma das sete maiores reservas do mundo e quer ampliar a participação nuclear na matriz enérgica. Especialistas dizem que há aumento da demanda e que exportação é viável.
País tem uma das sete maiores reservas do mundo e quer ampliar a participação nuclear na matriz enérgica. Especialistas dizem que há aumento da demanda e que exportação é viável.
Fonte: SputnikApós cinco anos, o Brasil recomeçou nesta terça-feira (1º) a produção de urânio. A partir da Mina do Engenho, em Caetité, na Bahia, retoma-se o projeto de não só aumentar a participação nuclear na matriz energética brasileira, mas também o desejo de o país ser um exportador do minério.
"Retomar a produção significa ter superado dificuldades e, novamente, gerar riqueza e empregos", disse Carlos Freire, presidente da empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB), uma estatal de economia mista vinculada ao Ministério de Minas e Energia que exerce o monopólio da produção e comercialização de materiais nucleares.
A prioridade no momento, explica o engenheiro, é que a produção de urânio seja voltada para alimentação das usinas nucleares de Angra 1 e 2 no litoral fluminense. Mas há por parte do governo federal e da comunidade científica o desejo de que o Brasil seja um exportador. Sendo uma das sete maiores nações em reserva de urânio no mundo, é possível pensar que ele vire divisa.
"Há cerca de 400 reatores nucleares em funcionamento no mundo e entre 40 e 50 em construção. Isso mostra que há demanda, há aumento de mercado e de valor potencial. Essa reserva gera riqueza", definiu Orpet Peixoto, vice-presidente do Conselho Curador da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN).
Tanto Peixoto como Freire lembram que as aplicações da energia nuclear vão além do aumento e melhoria da estabilidade do serviço energético.
Ela serve, por exemplo, para a medicina nuclear, a durabilidade dos alimentos, a esterilização de equipamentos, a preservação de documentos raros e também a locomoção de veículos, referência que serve ao projeto do submarino nuclear brasileiro.
"A energia nuclear é fundamental para estabilidade do suprimento nacional por ser uma rede estável. Além disso, é uma energia confiável, limpa e, portanto, positiva para o meio ambiente. Ela é necessária e importante", definiu Peixoto. "Seria um desserviço não usar nossa fonte de urânio e a consequente energia nuclear, pois temos a capacidade tecnológica e temos a quantidade suficiente do material. Por isso, e por todas as suas aplicações, a energia nuclear deve constar da nossa matriz energética", completou.
Na chamada Unidade de Concentração de Urânio (URA) são realizadas as duas primeiras atividades do ciclo do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento do minério. O resultado será o Concentrado de Urânio, o yellowcake (U3O8), material composto de urânio, já livre de impurezas, que serve para fins de produção de energia nuclear obtendo nesse processo entre 70% e 80% de urânio puro.
Na solenidade em Caetité, na Bahia, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que, segundo análises do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Agência Internacional de Energia (AIE), há significativa participação da fonte nuclear pelos próximos 30 anos para atender as demandas de geração de energia de base.
"Esta retomada é a primeira fase para consolidar nossa proposta de tornar o Brasil autossuficiente e um exportador de yellowcake", afirmou o ministro.
Entre 2000 e 2015, segundo a INB, foram produzidas 3.750 toneladas de concentrado de urânio a partir da primeira área lavrada, a Mina Cachoeira em Caetité. A expectativa é que sejam produzidas 260 toneladas de concentrado de urânio por ano quando a Mina do Engenho atingir a sua capacidade plena, o que deve ocorrer em 2022.
Ainda de acordo com a INB, a retomada da produção tem impacto na geração de 600 empregos diretos e cerca de 1,8 mil indiretos. A expectativa da empresa é que haja uma injeção de R$ 76 milhões na economia, sendo R$ 30 milhões por ano através de impostos estaduais e municipais.
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- 01/12/2020 - Brasil retoma a produção de urânio em nova mina no Estado da BahiaFonte: PetronotíciasO um elo importante do setor nuclear brasileiro deu um novo passo decisivo nesta terça (1º). A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) realizou uma cerimônia para marcar a retomada da produção de urânio no país. A empresa começou a lavra a céu aberto da Mina do Engenho, localizada na Unidade de Concentração de Urânio de Caetité, na Bahia. Quando alcançar sua capacidade plena, o empreendimento poderá produzir 260 toneladas de concentrado de urânio por ano. A cerimônia teve a presença de autoridades locais e representantes da INB, além da participação do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
O ministro destacou em seu discurso as iniciativas tomadas pelo governo federal no sentindo de avançar com o Programa Nuclear Brasileiro. Uma delas é a reativação da pesquisa geológica, para ampliar o conhecimento dos recursos minerais radioativos no país. O Brasil hoje só tem 30% do seu território mapeado e, ainda assim, ocupa o novo lugar no ranking de maiores reservas de urânio do mundo."Vamos recomeçar essas pesquisas e, por questões práticas, justamente por Caetité”, declarou.
Albuquerque ainda falou que existe a expectativa de acelerar a produção brasileira para 2.400 toneladas por ano de urânio a partir de 2030. "Esta retomada é a primeira fase para consolidar a nossa proposta de tornar o Brasil autossuficiente e um exportador de urânio e yellowcake. Devo ressaltar que com a entrada de produção da mina de Santa Quitéria, no Ceará, somada à produção de Caetité, o setor poderá ter um grande transformação, pois serão estimulados novos métodos de produção mais econômicos”, projetou.
As atividades de mineração na Unidade de Concentração de Urânio de Caetité foram paralisadas em 2015, após a exaustão da Mina Cachoeira. A área produziu 3.750 toneladas entre 2000 e 2015. Com o fim da atividade em Cachoeira, decidiu-se por licenciar uma nova área, a Mina do Engenho. A Autorização para lavra da nova mina foi concedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em dezembro de 2019. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por sua vez, renovou no mês seguinte a Licença de Operação da Unidade.
O presidente da INB, Carlos Freire, lembrou que além da entrada em operação da Mina do Engenho dos novos projetos em parceria, como a futura mina de Santa Quitéria, a empresa trabalha para alcançar a sua independência financeira do Orçamento da União. Ele ressaltou também os impactos positivos a partir da retomada da produção de urânio no Brasil.
"Hoje, a INB reinicia a produção de urânio em Caetité, gerando expressivos empregos da ordem de 630 diretos e cerca de 1800 indiretos. Com isso, haverá uma injeção de recursos financeiros na economia local de cerca de R$ 76 milhões por ano”, declarou.
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- 30/11/2020 - INB fará evento para celebrar retomada da produção de urânio em CaetitéA Indústrias Nucleares do Brasil (INB), realizará no dia 1º de dezembro um evento para celebrar a retomada da produção de urânio no Brasil, a partir da lavra a céu aberto de uma nova mina na Unidade de Concentração de Urânio de Caetité – URA, na Bahia, a Mina do Engenho. A Cerimônia, que será realizada na Unidade, contará com a presença do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
A Indústrias Nucleares do Brasil (INB), realizará no dia 1º de dezembro um evento para celebrar a retomada da produção de urânio no Brasil, a partir da lavra a céu aberto de uma nova mina na Unidade de Concentração de Urânio de Caetité – URA, na Bahia, a Mina do Engenho. A Cerimônia, que será realizada na Unidade, contará com a presença do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Fonte: Agência Sertão
A expectativa da INB é que sejam produzidas 260 toneladas de concentrado de urânio por ano, quando a Mina do Engenho atingir a sua capacidade plena. O urânio é a matéria-prima básica para a fabricação do combustível que abastece as usinas nucleares.
As atividades de mineração na Unidade foram paralisadas em 2015, após a exaustão do processo de extração a céu aberto da primeira área que foi lavrada, a Mina Cachoeira.
Histórico
Em Caetité, são realizados a mineração e o beneficiamento de urânio, atividades que correspondem à primeira etapa do Ciclo do Combustível Nuclear. De 2000 a 2015, foram produzidas 3.750 toneladas de concentrado de urânio a partir da Mina Cachoeira. Com a exaustão dos recursos passíveis de lavra a céu aberto, decidiu-se por licenciar uma nova área, a Mina do Engenho.
A Autorização para lavra da nova mina foi concedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em dezembro de 2019. E o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) renovou no mês seguinte a Licença de Operação da Unidade.
A CNEN condicionou a licença operacional para a volta à produção na Unidade à realização de Testes Funcionais (TF), que ocorreram a partir de 2018. Em setembro de 2020, como parte dos testes, foi realizado o entamboramento do concentrado de urânio (U3O8), produto final da INB Caetité. No total, foram produzidas 17,5 t durante os TF realizados na Unidade.
Compromisso
De acordo com a INB são desenvolvidos permanentemente programas de monitoração ambiental e de proteção radiológica, para assegurar a qualidade do meio ambiente e preservar a saúde de seus empregados e da população que reside nas proximidades da Unidade de Caetité.
Ainda conforme a instituição, as atividades realizadas seguem procedimentos previstos e aprovados pela CNEN e pelo Ibama. Os resultados das análises realizadas dentro dos programas de monitoração são enviados pela INB para serem avaliados e aprovados pelos dois Órgãos.
Licença do Ibama
Em janeiro de 2020, a INB tornou público que recebeu do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a prorrogação da Licença de Operação até 13 de janeiro de 2026, para a Mina Cachoeira (Anomalia 13) e lavra a céu aberto da Mina do Engenho (Anomalia 09), ambas no município de Caetité.
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- 26/11/2020 - Ipen se equipa para produzir nanorradiofármacospen se equipa para produzir nanorradiofármacos Com apoio da FAPESP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares está criando um laboratório de padrão internacional, que associa nanotecnologia à radiofarmácia. O objetivo é desenvolver novos produtos, principalmente para o tratamento do câncer
pen se equipa para produzir nanorradiofármacos Com apoio da FAPESP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares está criando um laboratório de padrão internacional, que associa nanotecnologia à radiofarmácia. O objetivo é desenvolver novos produtos, principalmente para o tratamento do câncer
Fonte: Pfarma
Com 60 anos de atividade, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) produz atualmente cerca de 90% dos radiofármacos utilizados no Brasil. Dito de forma simplificada, radiofármacos são constituídos por moléculas às quais estão associados isótopos radioativos de elementos químicos (iodo, flúor, tecnécio etc.). Dependendo de sua composição, o produto é empregado em exames diagnósticos ou em tratamentos, especialmente do câncer. A produção regular do Ipen atende a 430 hospitais e clínicas em todo o país. E fornece material para 2 milhões de procedimentos anuais. De 30% a 40% dos produtos são direcionados para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
"Como a demanda é muito grande, só podíamos nos dedicar à pesquisa quando a produção estava parada. Com aporte financeiro da FAPESP, estamos criando, pela primeira vez, um espaço específico para a pesquisa. O laboratório encontra-se em fase final de montagem, apesar dos atrasos provocados pela pandemia e pela alta do dólar. Nosso foco é desenvolver novos produtos, associando nanotecnologia à radiofarmácia. Já temos cerca de 50 artigos a respeito, publicados em revistas internacionais de alto impacto”, diz Marcelo Linardi, pesquisador emérito do Ipen.
Linardi é coordenador do projeto "Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura em radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da saúde (PDIp)”, apoiado pela FAPESP no âmbito do "Programa Modernização de Institutos Estaduais de Pesquisa”. Além do Ipen, o PDIp apoia a modernização e capacitação de pessoal de outras 11 instituições estaduais de pesquisa, com um total de R$ 120 milhões.
Os R$ 16 milhões destinados ao Ipen foram direcionados para investimentos em infraestrutura e aquisição de equipamentos multiusuários como um sistema de análise STM-AFM Raman SNOM (Scanning Optical Microscopy), mamógrafo digital, entre outros. Incluem também auxílios à pesquisa (dois deles destinados a pesquisadores visitantes do exterior) e o custeio de bolsas (oito de pós-doutorado, duas de doutorado, duas de mestrado e uma de pesquisa no exterior).
"A joia da coroa em matéria de equipamento, adquirido por meio do projeto, é um microscópio a laser com resolução subnanométrica. É o terceiro de seu gênero no mundo todo. Ele possui a mesma resolução do microscópio eletrônico, mas, por não projetar elétrons, não danifica a amostra que está sendo analisada, o que é ótimo para amostras biológicas. Além disso, o feixe de laser pode ser direcionado de várias maneiras, o que possibilita focalizar a amostra sob múltiplos ângulos”, conta Linardi.
Destinado à caracterização de materiais, o novo equipamento vai contribuir para o desenvolvimento de duas áreas-chave de atuação do Ipen: a da rádiofarmácia e a da braquiterapia.O prefixo grego "braqui” refere-se a curta distância. É o oposto de "tele”, que quer dizer longa distância. Em termos terapêuticos, a braquiterapia possui uma grande vantagem comparativamente à radioterapia externa. Porque, na radioterapia externa, todos os tecidos que estão no caminho entre a saída do feixe de radiação e o local de interesse podem ser danificados pela radiação, enquanto na braquiterapia a fonte de radiação vai diretamente ao ponto – o que minimiza os efeitos colaterais indesejáveis. A associação da nanotecnologia à braquiterapia é um passo ainda mais avançado e sua implementação colocará o Ipen na linha de frente da pesquisa mundial.
"Estamos fazendo algo novo. Além do Ipen, há apenas mais dois institutos trabalhando nessa linha de pesquisa no mundo. Esse novo campo é chamado de nanobraquiterapia. A nanobraquiterapia poupa ainda mais os tecidos sadios, porque, na escala nanométrica, a molécula que contém a fonte radioativa é capaz de atravessar a membrana celular e entrar diretamente na célula cancerígena”, explica Maria Elisa Rostelato, que coordena a subárea do projeto dedicada especificamente à braquiterapia.
"Por enquanto, em todo o mundo, foram feitos apenas testes com animais. Nosso grupo produziu nanopartículas radioativas e as isolou para que não se agreguem de novo. Estamos trabalhando com isótopos de ouro e entramos na fase da chamada caracterização do material, para saber se, na escala nano, ele conserva suas propriedades. Já depositamos um pedido de patente. O apoio da FAPESP nos permitiu adquirir um equipamento, o Dynamic Light Sizer (DLS), que será dedicado exclusivamente à caracterização das nanopartículas radioativas”, informa Rostelato.
Segundo a pesquisadora, se as nanopartículas de ouro passarem pela "peneira” da caracterização, a fase seguinte será a dos testes in vitro e in vivo para verificar como essa potencial nanofonte radioativa se comporta concretamente diante dos tecidos afetados. "O tratamento do câncer de próstata é nosso foco atual. Mas o emprego desse tipo de material pode ser generalizado para vários tipos de câncer”, afirma.
O pioneirismo do Ipen vem de longe. Instalado em diversos edifícios distribuídos por uma área de 500 mil metros quadrados no campus da Universidade de São Paulo (USP), o instituto foi e continua sendo um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da medicina nuclear no Brasil e em outros países da América Latina. Seu histórico engloba a introdução de novos radiofármacos e a formatação e controle da logística de distribuição. "Temos 25 produtos no catálogo, sendo o mais conhecido o iodeto de sódio, marcado com iodo 131, utilizado na terapia da tireoide”, diz Elaine Bortoleti, coordenadora do subprojeto de radiofarmácia no âmbito do novo projeto apoiado pela FAPESP.
De acordo com a pesquisadora, uma questão crucial da radiofarmácia relaciona-se com a meia-vida, isto é, com o tempo de decaimento dos componentes radioativos dos medicamentos. Essa meia-vida tem que ser relativamente curta, porque, depois de atender ao objetivo para o qual foi criado, o material precisa decair e ser eliminado pelo organismo – e não continuar atuando dentro dele. "Isso requer toda uma logística. Hoje, o Ipen é capaz de produzir e entregar os fármacos em até 48 horas, para qualquer estado do país. O transporte é feito por empresas cadastradas, monitoradas pelo instituto”, afirma.
"A produção é outro desafio. As células de produção, chamadas de hot cells (células quentes), são blindadas com chumbo e dotadas de um sistema de filtragem do ar com pressão negativa em relação ao meio ambiente, para evitar qualquer possibilidade de vazamento e contaminação radioativa em caso de acidente”, acrescenta.
O beabá da fabricação é produzir o radioisótopo em reator nuclear, bombardeando o elemento estável com nêutrons; ligar quimicamente o radioisótopo à molécula orgânica que deverá carregá-lo até a região de interesse no organismo; realizar depois os procedimentos farmacêuticos padrão, de filtração, diluição etc.; e embalar adequadamente o produto final, em recipientes blindados, refrigerados etc.
Atualmente, todos os radioisótopos utilizados pelo Ipen são importados, porque o reator da instituição é um equipamento de pesquisa e não tem capacidade para produção em larga escala. E este é um grande gargalo para o país, que foi seriamente afetado quando, em 2008, o reator canadense que abastecia todo o mercado brasileiro e 40% do mercado mundial teve suas atividades paralisadas. Foi necessário buscar outros fornecedores, na Argentina e na África do Sul, mas a autossuficiência do país só será assegurada se e quando o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), na cidade paulista de Iperó, se tornar realidade.
"O projeto de modernização visa adequar o laboratório para a fabricação de novos radiofármacos-piloto, para estudos clínicos e registro, com o cumprimento de todas as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa] em termos de adequação ambiental e segurança. Já estamos trabalhando com moléculas flúor-estradiol marcado com flúor 18, para o monitoramento da terapia do câncer de mama, e de PSNA 1007 marcado com flúor 18, para o monitoramento da terapia do câncer de próstata”, informa Bortoleti.
Por José Tadeu Arantes | Agência FAPESP
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- 26/11/2020 - Governador assegura a integralidade dos recursos da FAPESP em 2021Fonte: Agência FapespAgência FAPESP – O governador João Doria informou na quarta-feira (25/11) que não haverá aplicação da Desvinculação da Receita Orçamentária de Estados e Municípios (DREM) aos repasses do Tesouro Estadual para a FAPESP.
"Ao contrário, estabelecemos ontem no Palácio dos Bandeirantes uma produtiva reunião para somar forças em investimentos na pesquisa, na ciência e na tecnologia”, afirmou o governador após a cerimônia de assinatura de adesão de empresas ao IPT Open Experience, realizada no Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
"É uma decisão sábia direcionar recursos para o desenvolvimento do Estado de São Paulo com base na ciência e na tecnologia”, afirmou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, que participou da cerimônia no IPT. "Agradeço enormemente a sua visão política e prática desta questão.”
IPT Open Experience
O programa IPT Open Experience tem como objetivo atrair para o campus do IPT centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de empresas de médio e grande porte, além de startups e instituições de ciência e tecnologia (ICTs), conectando-as à infraestrutura de tecnologia da instituição.
Na cerimônia realizada em 25 de novembro, foi formalizada a adesão de cinco empresas – Siemens, Siemens Energy, Kimberly Clark e 3M – e o início das atividades da Granbio. De acordo com a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, outras 21 parcerias já estão em fase de contratação.
"Este conjunto do IPT Open Experience faz parte da etapa um do Centro Internacional de Tecnologia e Inovação [CITI] e que vai se expandir ao longo dos próximos anos”, afirmou o governador.
Implementado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico em parceria com a Prefeitura de São Paulo, o CITI tem como objetivo o desenvolvimento e aplicação de tecnologias de alta intensidade (hardtech). A meta é transformar São Paulo no "Vale do Silício brasileiro”, de acordo com o governador.
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- 24/11/2020 - Amazul contrata a Nuclep para fazer a montagem de reator nuclear para submarinoCelebrado em evento da Marinha, com a presença do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, o início da montagem do protótipo do reator de propulsão nuclear em Iperó é um marco importante também para a Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A.).
Celebrado em evento da Marinha, com a presença do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, o início da montagem do protótipo do reator de propulsão nuclear em Iperó é um marco importante também para a Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A.).
Fonte: Poder Naval
Com ativa participação no Programa Nuclear da Marinha (PNM), Programa Nuclear Brasileiro (PNB) e Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub), a Amazul é a empresa que contratou a Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A.) para a fabricação de parte do protótipo do reator de propulsão nuclear.
O contrato entre Amazul e Nuclep prevê a fabricação, montagem e fornecimento do vaso (cilindro) e estruturas internas de contenção onde será montado o reator, além do tanque de blindagem primária.
Essas estruturas compõem o Bloco 40, que faz parte do Labgene – Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica, protótipo em terra e em escala real dos sistemas de propulsão que serão instalados no futuro submarino de propulsão nuclear (SN-BR) Álvaro Alberto.
A Amazul faz a gestão administrativa do contrato e é responsável pelos pagamentos à Nuclep com recursos financeiros transferidos pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo. O contrato, no valor de R$ 55 milhões, está dividido em 33 entregas (33 eventos) até agosto de 2023.
Nas próximas fases do programa, o reator, bem como os turbogeradores, o motor elétrico e outros sistemas similares aos de um submarino com propulsão nuclear serão testados de forma controlada no Labgene. O objetivo é validar a operação do reator e dos diversos sistemas eletromecânicos integrados a ele, antes da instalação no submarino com propulsão nuclear.Finalizados os testes, um reator similar será instalado no submarino Álvaro Alberto, no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro. Em Itaguaí também estão sendo desenvolvidos os quatro submarinos com propulsão diesel-elétrica previstos no ProSub: o Riachuelo (S-40), já lançado, o Humaitá (S-41), o Tonelero (S-42) e o Angostura (S-43).
A Diretoria Técnica da Amazul reúne profissionais de diversas especialidades envolvidos em projetos estratégicos para o país. Dentro do ProSub, a empresa ajuda a desenvolver tecnologias como o Sistema Integrado de Gerenciamento de Plataforma e o Sistema de Combate de Submarinos.
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- 24/11/2020 - Edital CNEN 02/2020 - seleção de bolsista para estudos avançados na área de inovaçãoFonte: CNEN
A Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) divulga o Edital de Bolsa de Estudos Avançados (BEA) 02/2020. O objetivo é selecionar um bolsista para a execução do projeto "Uma Estratégia Contemporânea de Inovação para a CNEN à luz do Novo Marco Regulatório de Ciência, Tecnologia e Inovação: Modelo de Gestão e Mapeamento das Atividades de Atuação Tecnológica".Para ler a íntegra do edital e os seus anexos (perfil do candidato/projeto de pesquisa e formulário de inscrição), clique aqui. As inscrições deverão ser encaminhadas à Secretaria de Formação Especializada (SEFESP) da CNEN exclusivamente pelo e-mail sefesp@cnen.gov.br, tendo como assunto: "Edital BEA CNEN 02/2020 – Inscrição”.
As regras para concessão de bolsas na CNEN são regulamentadas pela Instrução Normativa DPD 004, de março de 2013.
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- 20/11/2020 - Incubadora USP/IPEN-Cietec premiada durante a SciBlz Conference USP 2020A premiação aconteceu em 20 de novembro, durante o encerramento da Science meets Business
A premiação aconteceu em 20 de novembro, durante o encerramento da Science meets Business
A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN-Cietec foi premiada na categoria Incubadoras durante a realização da Science meets Business, realizada durante o período de 16 a 20 de novembro de 2020.Considerada a maior feira de negócios de ciência e negócios da América Latina, a conferência foi organizada pela FEA/USP e pretendia atingir um público de cerca de mil participantes entre pesquisadores, empreendedores, representantes do governo, estudantes e investidores.
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- 20/11/2020 - IPEN vai entrar no campo da pesquisa médica contra o câncerFonte: Diário da SaúdeCom informações da Agência FapespRadiofármacosO IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) produz atualmente cerca de 90% dos radiofármacos utilizados no Brasil.
Radiofármacos são constituídos por moléculas às quais estão associados isótopos radioativos de elementos químicos como o iodo, flúor, tecnécio etc. Dependendo de sua composição, o produto é empregado em exames diagnósticos ou em tratamentos, especialmente do câncer.
A produção regular do IPEN atende a 430 hospitais e clínicas em todo o país. E fornece material para 2 milhões de procedimentos anuais. De 30% a 40% dos produtos são direcionados para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas a instituição agora quer avançar também na área das pesquisas médicas.
"Estamos criando, pela primeira vez, um espaço específico para a pesquisa. O laboratório encontra-se em fase final de montagem, apesar dos atrasos provocados pela pandemia e pela alta do dólar. Nosso foco é desenvolver novos produtos, associando nanotecnologia à radiofarmácia. Já temos cerca de 50 artigos a respeito, publicados em revistas internacionais de alto impacto," contou o Dr. Marcelo Linardi, pesquisador do IPEN.
Microscópio a laser
Com recursos de R$16 milhões, financiados pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a instituição já adquiriu equipamentos multiusuários, como um microscópio de última geração (STM-AFM Raman SNOM) e um mamógrafo digital.
"A joia da coroa em matéria de equipamento, adquirido por meio do projeto, é um microscópio a laser com resolução subnanométrica. É o terceiro de seu gênero no mundo todo. Ele possui a mesma resolução do microscópio eletrônico, mas, por não projetar elétrons, não danifica a amostra que está sendo analisada, o que é ótimo para amostras biológicas. Além disso, o feixe de laser pode ser direcionado de várias maneiras, o que possibilita focalizar a amostra sob múltiplos ângulos," contou Linardi.
Destinado à caracterização de materiais, o novo microscópio a laser vai contribuir para o desenvolvimento de duas áreas-chave de atuação do IPEN: a da radioarmácia e a da braquiterapia.
Braquiterapia e nanobraquiterapia
O prefixo grego "braqui" refere-se a curta distância. É o oposto de "tele", que quer dizer longa distância. Em termos terapêuticos, a braquiterapia possui uma grande vantagem comparativamente à radioterapia externa porque, na radioterapia externa, todos os tecidos que estão no caminho entre a saída do feixe de radiação e o local de interesse podem ser danificados pela radiação, enquanto na braquiterapia a fonte de radiação vai diretamente ao ponto - o que minimiza os efeitos colaterais indesejáveis.
A associação da nanotecnologia à braquiterapia é um passo ainda mais avançado e sua implementação colocará o IPEN na linha de frente da pesquisa mundial.
"Estamos fazendo algo novo. Além do IPEN, há apenas mais dois institutos trabalhando nessa linha de pesquisa no mundo. Esse novo campo é chamado de nanobraquiterapia. A nanobraquiterapia poupa ainda mais os tecidos sadios, porque, na escala nanométrica, a molécula que contém a fonte radioativa é capaz de atravessar a membrana celular e entrar diretamente na célula cancerígena", explica Maria Elisa Rostelato, que coordena a área do projeto dedicada especificamente à braquiterapia.
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- 17/11/2020 - Ministério busca recursos para Reator Multipropósito BrasileiroFonte: Isto ÉAgência Brasil - O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, afirmou que o governo está trabalhando para liberar recursos para a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O novo reator terá capacidade de produzir radioisótopos e radiofármacos, necessários para suprir a demanda da medicina nuclear nacional – atualmente, em parte, importados."[O RMB] tem que sair do papel e se tornar realidade à sociedade brasileira. Trabalhamos fortemente no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para viabilizar a liberação dos recursos necessários, via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico”, disse o ministro ontem (16) em visita ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na capital paulista.O país tem encontrado dificuldade para importar radioisótopos e radiofármacos em razão da alta do dólar. A situação se agravou com a pandemia de covid-19, que inviabilizou parte da logística do transporte aéreo devido ao fechamento dos principais aeroportos internacionais.Radioisótopos e radiofármacos são utilizados principalmente na realização de exames médicos, como a tomografia, e em diversas terapias, especialmente no tratamento do câncer. Além do campo da medicina, o RMB possibilitaria a realização de testes de combustíveis nucleares e materiais estruturais visando avaliar a integridade estrutural destes quando submetidos a altas doses de radiação, o que não existe no país. -
- 17/11/2020 - Ministério busca recursos para Reator Multipropósito BrasileiroNovo reator terá capacidade de produzir radioisótopos e radiofármacos
Novo reator terá capacidade de produzir radioisótopos e radiofármacos
Fonte: Agência BrasilO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, afirmou que o governo está trabalhando para liberar recursos para a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O novo reator terá capacidade de produzir radioisótopos e radiofármacos, necessários para suprir a demanda da medicina nuclear nacional – atualmente, em parte, importados."[O RMB] tem que sair do papel e se tornar realidade à sociedade brasileira. Trabalhamos fortemente no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para viabilizar a liberação dos recursos necessários, via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico”, disse o ministro ontem (16) em visita ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na capital paulista.O país tem encontrado dificuldade para importar radioisótopos e radiofármacos em razão da alta do dólar. A situação se agravou com a pandemia de covid-19, que inviabilizou parte da logística do transporte aéreo devido ao fechamento dos principais aeroportos internacionais.Radioisótopos e radiofármacos são utilizados principalmente na realização de exames médicos, como a tomografia, e em diversas terapias, especialmente no tratamento do câncer. Além do campo da medicina, o RMB possibilitaria a realização de testes de combustíveis nucleares e materiais estruturais visando avaliar a integridade estrutural destes quando submetidos a altas doses de radiação, o que não existe no país. -
- 17/11/2020 - Mina no Nordeste pode levar Brasil a exportar urânioA estatal INB formou um consórcio com a empresa de fertilizantes Galvani para o projeto de fosfato-urânio Santa Quitéria, no Ceará
A estatal INB formou um consórcio com a empresa de fertilizantes Galvani para o projeto de fosfato-urânio Santa Quitéria, no Ceará
Fonte: ExameUm projeto de mineração visto como prioritário pelo governo brasileiro pode transformar o país em exportador de urânio e reduzir suas necessidades de importação de fertilizantes, se for bem-sucedido.
O país, que atualmente importa urânio para suas usinas nucleares e importa a maior parte de suas necessidades de fertilizantes, pode se tornar mais autossuficiente com um projeto de 400 milhões de dólares na região Nordeste, de acordo com o consórcio formado para explorar a jazida.
A estatal INB, que detém o monopólio da produção de urânio no Brasil, formou um consórcio com a empresa local de fertilizantes Galvani para o projeto de fosfato-urânio Santa Quitéria. A INB espera extrair cerca de 2.100 toneladas de concentrado de urânio por ano da jazida, enquanto precisa de cerca de 750 toneladas para abastecer suas usinas de energia nuclear. Adicionando capacidade nominal a outra jazida explorada pela INB, o Brasil produzirá cerca de 2.400 toneladas de concentrado de minério de urânio por ano quando Santa Quitéria atingir sua capacidade total em 2026.
"Isso corresponde a 4% da produção mundial de urânio”, disse Carlos Freire, presidente da INB, em entrevista por telefone. "Podemos ser um player com uma responsabilidade interessante.”
O desastre de Fukushima Daiichi e os altos custos de desenvolvimento mantiveram o número e a capacidade das usinas nucleares praticamente estáveis na última década, com excesso de oferta dos mercados de urânio. Ainda assim, o preço do urânio U3O8 atingiu a maior alta em quatro anos em maio, após cortes de oferta no Canadá e no Cazaquistão, embora tenha recuado desde então devido à menor demanda. A longo prazo, a indústria está atraindo esforços para cumprir metas ambiciosas de carbono que podem estimular a demanda por energia nuclear.
Inicialmente, o urânio de Santa Quitéria deve ir para as usinas nucleares da INB, embora a empresa esteja em conversas com o governo para vender o excedente no exterior, disse Freire.
Santa Quitéria foi incluído no Programa de Parceria para Investimentos do governo, conhecido como PPI, para projetos considerados prioritários. Trazer mais parceiros, incluindo consumidores de fertilizantes, está sendo considerado para financiar o investimento, enquanto a família que controla a Galvani ficaria com a participação majoritária.
A produção de fertilizantes fosfatados do projeto é estimada em 750.000 toneladas por ano em 2026, o que equivale a cerca de 20% das importações brasileiras de fertilizantes fosfatados no ano passado. O país – maior exportador de soja, café e açúcar – produz apenas 30% do seu consumo de fertilizantes fosfatados.
"Essa é uma grande deficiência estratégica para o país”, disse Ricardo Neves, presidente da Galvani, em entrevista por telefone. Galvani encerrou uma joint venture com a Yara International ASA no Brasil no ano passado.
O projeto Santa Quitéria, localizado no estado do Ceará, atenderia à demanda crescente de fertilizantes na nova fronteira agrícola do Brasil, o Matopiba. O consórcio busca aproveitar as viagens de retorno dos portos às fazendas para transportar o fertilizante.
"É uma região onde a produção de grãos e soja cresce rápido e continuará crescendo com a conversão das pastagens em agricultura”, disse Neves.
O projeto prevê ainda a produção de 270 mil toneladas de fosfato bicálcico, que é utilizado como suplemento alimentar para o gado. Esse volume representa cerca de 20% do consumo atual do país, que deve crescer 78% até 2026, segundo o Sindirações, grupo que representa a indústria de ração animal.
A maior parte do gado no Brasil, o maior exportador mundial de carne bovina, é criada em pasto, mas o uso de confinamentos – e suplemento alimentar como consequência – deve aumentar nos próximos anos em meio à crescente pressão para conter o desmatamento.
O consumo de fosfato bicálcico no Brasil deve crescer de 3,5% a 4,5% ao ano nos próximos 15 anos, enquanto a demanda por fertilizantes deve aumentar de 3% a 4%, disse Neves.
"O Brasil continuará crescendo como uma superpotência agrícola, e a necessidade de fosfato acompanhará isso”, disse ele.
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- 13/11/2020 - Setor elétrico aponta fonte nuclear como parceria confiável do Brasil na transição para baixo carbonoFonte: PetronotíciasPor Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br)A alternativa nuclear para ajudar o Brasil na transição para uma economia descarbonizada está sendo considerada por representantes de diversas vertentes da indústria da energia. O que esses especialistas apontam é que a fonte será uma "parceira confiável” de eólica e solar durante a transição energética. Como são provedoras de geração firme, as plantas nucleares são apontadas por esses membros da indústria como uma das bases necessárias para esse movimento de descarbonização. Mesmo algumas ONGs ambientalistas reconhecem a importância da fonte nuclear nesse novo mundo de energias limpas e livres de emissões. Esses temas foram discutidos nesta semana durante o segundo painel de debate do evento virtual Nuclear Technology and Trade Exchange (NT2E), organizado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares. O encontro foi moderado pelo economista e jornalista George Vidor.
Representando a indústria nuclear no evento, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, ressaltou que a descarbonização no setor elétrico deve ser feita de modo colaborativo entre as energias renováveis e a nuclear. Segundo o executivo, é preciso abaixar esse clima de competição entre as fontes e começar a levantar a bandeira da cooperação. "A energia nuclear é uma parceira confiável das energias renováveis, se forem vistas dentro do modelo colaborativo. Existe uma complementariedade técnica que pode ser atingida através de desenvolvimento de usinas operando com maior flexibilidade, de forma a compensar a variabilidade das renováveis”, apontou Guimarães.
O presidente da Eletronuclear lembrou ainda que o Brasil está passando por um período chamado de transição hidrotérmica. Isso significa que temos um aumento da capacidade de geração hidrelétrica instalada, mas sem um aumento proporcional da capacidade estocada de água em reservatórios. O executivo sustenta que a transição hidrotérmica requer uma estratégia de diversificação das fontes primárias. "Existe uma complementariedade estratégica para construir esse mix de energia descarbonizada do futuro que tanto se fala e se persegue, mas pouco se tem uma estratégia múltipla para atingimento dessas metas”, ponderou Guimarães.
O líder da estatal finalizou sua fala abordando como a fonte nuclear é vista pela sociedade. Para o presidente da empresa, o setor precisa trabalhar para aumentar a aceitação de possíveis novas usinas no país no futuro. "Devemos buscar reforçar a percepção de benefício e trazer mais familiaridade sobre o assunto para as pessoas. É um trabalho de longo prazo e contínuo que não pode parar nunca. E que vem dando resultados em vários lugares do mundo, até mesmo aqui no Brasil”, concluiu.
Pelo lado acadêmico, também há um entendimento do papel da nuclear dentro do contexto de transformação do mundo para uma economia descarbonizada. O professor do Instituto de Economia da UFRJ, Nivalde de Castro, lembra por exemplo que a Europa quer alcançar uma matriz elétrica com 85% de fontes renováveis até 2050. O Brasil, por sua vez, já conseguiu esse número 30 anos antes do Velho Continente. "O momento do Brasil não é de transição, mas de reafirmação de sua matriz elétrica renovável, que é uma das melhores do mundo”, afirmou.
Castro, que também é coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), diz que para manter sua matriz com base renovável, o país precisa de fontes firmes, como usinas termelétricas, hidrelétricas reversíveis e também as usinas nucleares. "Quanto mais diversificado, melhor. Vejamos o caso do Amapá, que só tinha uma linha de transmissão. Todas as termelétricas, que até 2014 atendiam a demanda energética do estado, foram desativadas e desmontadas”, apontou. "As plantas nucleares têm um papel importante, além de ter a densidade tecnológica mais complexa de todas, com efeitos multiplicadores. O Gesel sempre considerou nuclear, termelétricas e hidrelétricas reversíveis. Como temos um cenário onde a demanda [por energia] vai se recuperar, essa escolha se justifica”, acrescentou Castro.
Nessa mesma linha, o professor do Departamento de Economia da PUC-RJ, Sergio Besserman Vianna, afirma que a energia nuclear tem um papel relevante no portfólio de produção energética do planeta. "Precisamos de uma base de geração firme – já que solar e eólica são intermitentes. Temos a biomassa, que é uma grande aposta, mas a geração nuclear seguramente é um pedaço desse portfólio”, opinou.
Besserman, que estuda as consequências econômicas e sociais da mudança climática global desde 1992, afirma que mesmo nas organizações ambientalistas globais e brasileiras existe uma aceitação da importância da nuclear. "Com exceção do Greenpeace, as demais [ONGs] seguem de certa maneira a observação dos relatórios do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas]. Desde 2001, esses relatórios indicam que a energia nuclear tem um papel no portfólio que substitui as fontes fósseis, caso a meta seja fazer a transição para o baixo carbono em um tempo aceitável”, concluiu.
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- 13/11/2020 - INB realiza Exercício de Emergência e Segurança Física Nuclear com supervisão do governo federalFonte: INBO Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), Órgão Central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), supervisionará, entre os dias 17 e 19 de novembro, o exercício parcial de resposta à emergência e segurança física nuclear da Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) da Indústrias Nucleares do Brasil-INB, em Resende/RJ.
Em função da pandemia de Covid-19, os centros de emergência operarão nos modos presencial e virtual. Os representantes das instituições do Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no município de Resende (Copren/RES) estarão reunidos na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) interagindo com a equipe da INB que permanecerá na Fábrica.
Participarão do evento no dia 17, a partir de 9h, o presidente da INB, Carlos Freire Moreira; o secretário de Coordenação de Sistemas do GSI, Contra-Almirante Carlos André Coronha Macedo, e o diretor do Departamento de Coordenação do Sipron, capitão de Mar e Guerra Márcio Gonçalves Taveira.
Os exercícios de emergência servem como base para um programa de melhoria contínua da estrutura de resposta e têm o propósito de avaliar e, se for o caso, aperfeiçoar planos e procedimentos, além de treinar a estrutura de resposta à emergência e segurança física nuclear. Durante a atividade, os centros de emergência do Sipron em Brasília e no Estado do Rio de Janeiro serão ativados. A equipe de resposta da FCN e os integrantes do Copren/Res deverão apresentar soluções a cenários que envolvam situações de incêndio, ataque cibernético e sobrevoo de drones nas instalações da fábrica. As simulações acontecerão apenas no modo virtual.
Participarão cerca de 50 instituições dos níveis nacional, estadual e local, entre elas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o Ministério da Defesa, a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Defesa Civil Municipal de Resende e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
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- 12/11/2020 - Coreia do Norte rejeita relatório da ONU sobre seu programa nuclearFonte: UOLA Coreia do Norte rejeitou hoje na Assembleia Geral da ONU um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que acusou o país de violar o direito internacional, ao que Pyongyang reagiu, tachando este organismo de "marionete" dos países ocidentais.
"A delegação norte-corerana rejeita categoricamente" este informe, disse o representante do país asiático na ONU, Kim Song.
"A AIEA não é mais do que uma ferramenta política de países ocidentais", acrescentou.
"A Coreia do Norte não terá mais relações com a AIEA enquanto carecer de imparcialidade e objetividade (...) e continuar sendo uma marionete que dança ao ritmo de forças hostis" a Pyongyang, reforçou.
Anteriormente, Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA, tinha dito que "as atividades nucleares da Coreia do Norte continuam sendo motivo de grave preocupação".
"A continuação do programa nuclear do país é uma clara violação das resoluções do Conselho de Segurança (da ONU) e isto é profundamente lamentável. Peço à Coreia do Norte que cumpra plenamente com as obrigações definidas pelas resoluções do Conselho de Segurança", disse Grossi.
A Coreia do Norte abandonou em 2003 o Tratado de Não Proliferação Nuclear. Os inspetores da AIEA não estão autorizados a entrar no país, que se tornou uma potência nuclear.
Durante uma reunião histórica com o presidente americano, Donald Trump, em junho de 2018, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, se comprometeu a empreender uma "desnuclearização completa". No entanto, não foram alcançados acordos concretos.
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- 12/11/2020 - Rafael Grossi fala pela primeira vez na ONU e diz que a Energia Nuclear será parte da solução sobre o clima no mundoFonte: PetronotíciasDiscursando na Assembleia Geral das Nações Unidas pela primeira vez desde sua nomeação como diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi falou sobre o impacto global do COVID-19 e as mudanças climáticas e sobre o papel das tecnologias nucleares para enfrentar esses e outros desafios de desenvolvimento: "Minha primeira viagem para fora da Áustria como diretor-geral foi para a conferência sobre mudança climática COP 25 em Madrid em dezembro passado. Queria enviar uma mensagem muito clara – que a energia nuclear é parte da solução para a crise climática. Eu sou ansioso para garantir que a voz da agência seja ouvida sobre os grandes benefícios da energia nuclear. "
Ele observou que as últimas projeções anuais da agência mostram que a energia nuclear continuará a desempenhar um papel-chave no mix de energia de baixo carbono do mundo, com a capacidade elétrica nuclear global sendo vista quase dobrando até 2050 em seu cenário de alto caso."A mitigação da mudança climática continua sendo um fator potencial chave para o uso da energia nuclear. Os grandes benefícios das tecnologias nucleares são sustentáveis apenas se usadas com segurança.” A AIEA ajudou 147 países e territórios no ano passado por meio de seu programa de cooperação técnica, 35 dos quais para os países menos desenvolvidos. O foco principal de seu trabalho estava na saúde e nutrição, segurança e proteção nuclear e alimentação e agricultura.
Grossi falou sobre como a AIEA adaptou suas operações durante o bloqueio no início deste ano, colocando muitas de suas atividades online e organizando reuniões, cursos de treinamento e webinars, incluindo sessões de apoio a radiologistas, operadores de usinas nucleares e especialistas em segurança nuclear na realização de seus trabalhos no face da pandemia. Ele lembrou o apoio emergencial do COVID-19 da AIEA aos Estados membros no uso de RT-PCR, uma técnica derivada do núcleo usada para a detecção do vírus causador da doença. "Lançamos a maior operação da história da Agência para ajudar os países a enfrentar o coronavírus. Quase 1.500 remessas de equipamentos para detecção e diagnóstico de vírus, e outros suprimentos, foram entregues a cerca de 125 países.” Grossi falou ainda sobre a nova iniciativa da AIEA Zoonotic Disease Integrated Action (ZODIAC) para ajudar o mundo a se preparar melhor para futuras pandemias. O ZODIAC incluirá uma rede global de laboratórios de diagnóstico trabalhando para o monitoramento, detecção e controle de doenças zoonóticas – doenças transmitidas de animais para humanos.
A AIEA continua a verificar o não desvio de material nuclear declarado pelo Irã em seu Acordo de Salvaguardas.As avaliações sobre a ausência de material nuclear não declarado e atividades para o Irã continuam."Saúdo o acordo entre a agência e o Irã, que espero reforce a cooperação e aumente a confiança mútua.”As atividades nucleares da Coréia do Norte"continuam sendo motivo de séria preocupação. A continuação do programa nuclear do país é uma violação clara das resoluções relevantes do Conselho de Segurança e é profundamente lamentável.”Ele pediu à Coreia do Norte que cumpra integralmente suas obrigações de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança, coopere prontamente com a AIEA na implementação plena e efetiva de seu Acordo de Salvaguardas do TNP e resolva todas as questões pendentes, especialmente aquelas que surgiram durante a ausência de inspetores do país.
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- 12/11/2020 - CNEN lança edital de processo seletivo destinado à concessão de bolsas de mestrado e doutorado para apoio a projetos em suas áreas de interesseFonte: CNENComissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) concederá bolsas de estudo nas modalidades de mestrado e doutorado para projetos em suas áreas de interesse. O edital do processo seletivo (01/2021) já está publicado no site da instituição. O período para inscrições inicia na próxima segunda-feira (16/11) e vai até 11 de janeiro de 2021.
O edital traz todos os detalhes sobre os procedimentos, as exigências de documentação e os prazos que os interessados devem observar. O documento relaciona também as áreas de interesse da CNEN e demais informações relevantes. Este ano as inscrições ocorrerão exclusivamente por meio do portal de serviços Gov.br, em espaço específico destinado a este processo seletivo para concessão de bolsas da CNEN.
Estão previstas 10 bolsas para mestrado e cinco para doutorado. As de mestrado possuem duração de 24 meses e valor de R$ 1.500,00. As de doutorado possuem valor e prazo maiores: R$ 2.200,00 por 48 meses. As bolsas devem ser implementadas a partir de março de 2021.
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- 12/11/2020 - Pós-doutorado no Ipen em metrologia e dosimetriaFonte: Agência FapespAgência FAPESP – O Projeto Temático "P&D&I em metrologia das radiações na área da saúde”, desenvolvido no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), dispõe de uma oportunidade de pós-doutorado com bolsa da FAPESP. O prazo de inscrição se encerra no dia 25 de novembro de 2020.O intuito do projeto é formar uma base metrológica para calibração de detectores com radiações alfa, beta, gama e X, com novos sistemas dosimétricos e metodologias em metrologia das radiações, com técnicas luminescentes e outras, gerando impacto técnico-científico nacional e internacional e contribuindo para o uso seguro das radiações ionizantes.Podem concorrer à bolsa os interessados com graduação em física e doutorado em física aplicada ou em tecnologia nuclear concluído há menos de sete anos.O candidato deve apresentar artigos publicados em revistas indexadas sobre materiais dosimétricos, técnicas de termoluminescência e luminescência opticamente estimulada, além de emissão exoeletrônica termicamente estimulada e fenômenos de fototransferência: TL fototransferida e OSL fototransferida.Os interessados devem enviar por e-mail cópias dos históricos acadêmicos, diploma de doutor, curriculum vitae (ou Lattes) e lista de trabalhos publicados em revistas indexadas sobre os temas solicitados para a coordenadora do projeto, a pesquisadora Linda Viola Ehlin Caldas (lcaldas258@gmail.com).Mais informações sobre a vaga em: www.fapesp.br/oportunidades/3962.A oportunidade de pós-doutorado está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 15% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.Caso o bolsista de PD resida em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precise se mudar, poderá ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades. -
- 11/11/2020 - ABDAN defende medidas para criação de ambiente de negócios e premia personalidades do setor nuclearFonte: PetronotíciasPor Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br)
O setor nuclear brasileiro tem alcançado importantes avanços, mesmo diante de um ano tão desafiador como o de 2020. Mas para criar um ambiente de negócios saudável e duradouro em torno dessa indústria, o país ainda tem um caminho a percorrer. Essa é a visão da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN). A entidade realizou nesta semana a abertura do seminário internacional online Nuclear Trade and Technology Exchange (NT2E) e apontou uma série de medidas que podem ajudar a fomentar o setor. O presidente da associação, Celso Cunha, defendeu a sinergia entre os diversos atores do segmento nuclear para a criação desse cenário propício para negócios."Seria muito importante se criássemos um ambiente de negócios onde atuamos para buscar a solução de diversos fatores que impactam as decisões e o modo de gerir as atividades empresariais, nas mais diversas formas”, sustentou. "Construir um programa de longo prazo e fomenta-lo é fundamental. Também devemos criarmos clusters e uma rota tecnológica nuclear, através de uma política clara de fomento da cadeia produtiva, o que nos permitirá dar passos seguros para o setor”, complementou Cunha.
Projeção de como será a usina de Angra 3Nesse sentido, conforme noticiamos ontem, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, declarou que o governo planeja o desenvolvimento de uma política para fomentar a criação de um cluster nuclear, com a ajuda da Marinha do Brasil e demais ministérios que também investem no setor, para se formar uma cadeia produtiva com empresas privadas e institutos.
O presidente da ABDAN também defendeu reduzir a dependência do fornecimento estrangeiro e aumentar o número de fornecedores dentro da cadeia nuclear. "Devemos também incluir a Micro, Média e Pequena empresa na cadeia de fornecedores do setor nuclear. Tudo isso faz parte da construção de um ambiente de negócios saudável e duradouro”, disse. Ele ainda argumentou que é preciso fomentar a Pesquisa, Desenvolvimento e a Formação de profissionais, além de reformar o sistema regulatório nuclear.
Visão atual de Angra 3"E falando em regulação e fiscalização, a sinalização dada pelo Governo da Criação da Autoridade Nuclear, que é um tema debatido e desejado desde 2008, vem avançando. Aguardamos ansiosamente que, ainda em 2020, este assunto seja resolvido”, declarou Cunha. O presidente da ABDAN reforçou ainda a necessidade de revisão das regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para o setor de medicina nuclear. Segundo ele, isso permitirá a população brasileira ter maior acesso a novos medicamentos. "Também não podemos esquecer da Flexibilização do Monopólio da Mineração do Urânio, que trará mais agilidade e independência na produção do combustível nuclear”, acrescentou.
Tema central no mercado nuclear brasileiro, a retomada das obras de Angra 3 também foi mencionada. O presidente da ABDAN destacou os esforços da Eletrobrás e Eletronuclear para a liberação de recursos para o Plano de Aceleração das obras do projeto, visando a inauguração da usina entre 2026 e 2027. "A conclusão de Angra 3 será o marco de efetivo destravamento do setor nuclear”, finalizou.
CINCO PERSONALIDADES DO SETOR FORAM HOMENAGEADAS COM A MEDALHA DE HONRA AO MÉRITO NUCLEAR
General Sérgio Etchegoyen e o comandante da Marinha, Ilques Barbosa JuniorDurante o evento, a ABDAN também concedeu a medalha de Honra ao Mérito Nuclear a cinco importantes personalidades que ajudaram no desenvolvimento da atividade nuclear no Brasil. Na categoria Política, o vencedor foi o general do Exército Brasileiro, Sérgio Etchegoyen, que atuou como ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência do Brasil durante o governo de Michel Temer. "Quero expressar minha gratidão pela profunda honra de ter sido escolhido para receber a ordem de Mérito Nuclear concedida pela ABDAN”, declarou Etchegoyen.
Na categoria História, o homenageado foi o Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior, atual Comandante da Marinha do Brasil. O prêmio foi um reconhecimento pelo trabalho do braço naval das Forças Armadas para fortalecimento do segmento nuclear brasileiro.
"Consciente da importância da ciência, tecnologia e inovação para desenvolvimento sustentável, a Marinha legitima o valor estratégico do setor nuclear e de suas potencialidades, contribuindo para garantir o bem-estar da sociedade brasileira e o futuro das próximas gerações. É com redobrada satisfação, que expresso os mais elevados agradecimentos à ABDAN pela tão relevante comenda”, afirmou Barbosa.
Carlos Alberto Buchpiguel e Wilson Aparecido Parejo CalvoO vencedor na categoria Pesquisa foi o Superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN),Wilson Aparecido Parejo Calvo. Ele se dedica há anos em pesquisas de aplicações de técnicas nucleares na indústria, saúde, agricultura, meio ambiente, com ênfase em tecnologias de radioisótopos e radiações ionizantes. Já na categoria medicina nuclear, o premiado foi o Diretor do Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Carlos Alberto Buchpiguel.
Por fim, na categoria indústria, a medalha foi entregue ao Superintendente de Enriquecimento Isotópico, Ezio Ribeiro da Silva Junior, pela sua contribuição à construção do ciclo de combustível nuclear. Também foi feita uma menção honrosa a ex-presidente da World Nuclear Association (WNA), Agneta Rising, celebrando a parceria entre a WNA e ABDAN nos últimos anos.
"O mundo precisa de países como o Brasil, com muito histórico e muita experiência em energia nuclear. Precisamos de países como o Brasil para liderar e expandir o caminho da energia nuclear na direção de um futuro sustentável”, afirmou Agneta.
Amanhã (12), o NT2E entra em seu segundo dia de atividades, com dois painéis de debates para discutir a segurança no setor nuclear e a economia descarbonizada. Na semana que vem, nos dias 17 e 19, acontecerá o curso internacional da World Nuclear University (WNU).
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- 11/11/2020 - Ipen se equipa para produzir nanorradiofármacosCom apoio da FAPESP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares está criando um laboratório de padrão internacional, que associa nanotecnologia à radiofarmácia. O objetivo é desenvolver novos produtos, principalmente para o tratamento do câncer
Com apoio da FAPESP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares está criando um laboratório de padrão internacional, que associa nanotecnologia à radiofarmácia. O objetivo é desenvolver novos produtos, principalmente para o tratamento do câncer
Fonte: Agência FapespJosé Tadeu Arantes | Agência FAPESP
Com 60 anos de atividade, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) produz atualmente cerca de 90% dos radiofármacos utilizados no Brasil. Dito de forma simplificada, radiofármacos são constituídos por moléculas às quais estão associados isótopos radioativos de elementos químicos (iodo, flúor, tecnécio etc.). Dependendo de sua composição, o produto é empregado em exames diagnósticos ou em tratamentos, especialmente do câncer. A produção regular do Ipen atende a 430 hospitais e clínicas em todo o país. E fornece material para 2 milhões de procedimentos anuais. De 30% a 40% dos produtos são direcionados para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
"Como a demanda é muito grande, só podíamos nos dedicar à pesquisa quando a produção estava parada. Com aporte financeiro da FAPESP, estamos criando, pela primeira vez, um espaço específico para a pesquisa. O laboratório encontra-se em fase final de montagem, apesar dos atrasos provocados pela pandemia e pela alta do dólar. Nosso foco é desenvolver novos produtos, associando nanotecnologia à radiofarmácia. Já temos cerca de 50 artigos a respeito, publicados em revistas internacionais de alto impacto”, diz Marcelo Linardi, pesquisador emérito do Ipen.
Linardi é coordenador do projeto "Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura em radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da saúde (PDIp)”, apoiado pela FAPESP no âmbito do "Programa Modernização de Institutos Estaduais de Pesquisa”. Além do Ipen, o PDIp apoia a modernização e capacitação de pessoal de outras 11 instituições estaduais de pesquisa, com um total de R$ 120 milhões.
Os R$ 16 milhões destinados ao Ipen foram direcionados para investimentos em infraestrutura e aquisição de equipamentos multiusuários como um sistema de análise STM-AFM Raman SNOM (Scanning Optical Microscopy), mamógrafo digital, entre outros. Incluem também auxílios à pesquisa (dois deles destinados a pesquisadores visitantes do exterior) e o custeio de bolsas (oito de pós-doutorado, duas de doutorado, duas de mestrado e uma de pesquisa no exterior).
"A joia da coroa em matéria de equipamento, adquirido por meio do projeto, é um microscópio a laser com resolução subnanométrica. É o terceiro de seu gênero no mundo todo. Ele possui a mesma resolução do microscópio eletrônico, mas, por não projetar elétrons, não danifica a amostra que está sendo analisada, o que é ótimo para amostras biológicas. Além disso, o feixe de laser pode ser direcionado de várias maneiras, o que possibilita focalizar a amostra sob múltiplos ângulos”, conta Linardi.
Destinado à caracterização de materiais, o novo equipamento vai contribuir para o desenvolvimento de duas áreas-chave de atuação do Ipen: a da rádiofarmácia e a da braquiterapia.
O prefixo grego "braqui” refere-se a curta distância. É o oposto de "tele”, que quer dizer longa distância. Em termos terapêuticos, a braquiterapia possui uma grande vantagem comparativamente à radioterapia externa. Porque, na radioterapia externa, todos os tecidos que estão no caminho entre a saída do feixe de radiação e o local de interesse podem ser danificados pela radiação, enquanto na braquiterapia a fonte de radiação vai diretamente ao ponto – o que minimiza os efeitos colaterais indesejáveis. A associação da nanotecnologia à braquiterapia é um passo ainda mais avançado e sua implementação colocará o Ipen na linha de frente da pesquisa mundial.
"Estamos fazendo algo novo. Além do Ipen, há apenas mais dois institutos trabalhando nessa linha de pesquisa no mundo. Esse novo campo é chamado de nanobraquiterapia. A nanobraquiterapia poupa ainda mais os tecidos sadios, porque, na escala nanométrica, a molécula que contém a fonte radioativa é capaz de atravessar a membrana celular e entrar diretamente na célula cancerígena”, explica Maria Elisa Rostelato, que coordena a subárea do projeto dedicada especificamente à braquiterapia.
"Por enquanto, em todo o mundo, foram feitos apenas testes com animais. Nosso grupo produziu nanopartículas radioativas e as isolou para que não se agreguem de novo. Estamos trabalhando com isótopos de ouro e entramos na fase da chamada caracterização do material, para saber se, na escala nano, ele conserva suas propriedades. Já depositamos um pedido de patente. O apoio da FAPESP nos permitiu adquirir um equipamento, o Dynamic Light Sizer (DLS), que será dedicado exclusivamente à caracterização das nanopartículas radioativas”, informa Rostelato.
Segundo a pesquisadora, se as nanopartículas de ouro passarem pela "peneira” da caracterização, a fase seguinte será a dos testes in vitro e in vivo para verificar como essa potencial nanofonte radioativa se comporta concretamente diante dos tecidos afetados. "O tratamento do câncer de próstata é nosso foco atual. Mas o emprego desse tipo de material pode ser generalizado para vários tipos de câncer”, afirma.
O pioneirismo do Ipen vem de longe. Instalado em diversos edifícios distribuídos por uma área de 500 mil metros quadrados no campus da Universidade de São Paulo (USP), o instituto foi e continua sendo um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da medicina nuclear no Brasil e em outros países da América Latina. Seu histórico engloba a introdução de novos radiofármacos e a formatação e controle da logística de distribuição. "Temos 25 produtos no catálogo, sendo o mais conhecido o iodeto de sódio, marcado com iodo 131, utilizado na terapia da tireoide”, diz Elaine Bortoleti, coordenadora do subprojeto de radiofarmácia no âmbito do novo projeto apoiado pela FAPESP.
De acordo com a pesquisadora, uma questão crucial da radiofarmácia relaciona-se com a meia-vida, isto é, com o tempo de decaimento dos componentes radioativos dos medicamentos. Essa meia-vida tem que ser relativamente curta, porque, depois de atender ao objetivo para o qual foi criado, o material precisa decair e ser eliminado pelo organismo – e não continuar atuando dentro dele. "Isso requer toda uma logística. Hoje, o Ipen é capaz de produzir e entregar os fármacos em até 48 horas, para qualquer estado do país. O transporte é feito por empresas cadastradas, monitoradas pelo instituto”, afirma.
"A produção é outro desafio. As células de produção, chamadas de hot cells (células quentes), são blindadas com chumbo e dotadas de um sistema de filtragem do ar com pressão negativa em relação ao meio ambiente, para evitar qualquer possibilidade de vazamento e contaminação radioativa em caso de acidente”, acrescenta.
O beabá da fabricação é produzir o radioisótopo em reator nuclear, bombardeando o elemento estável com nêutrons; ligar quimicamente o radioisótopo à molécula orgânica que deverá carregá-lo até a região de interesse no organismo; realizar depois os procedimentos farmacêuticos padrão, de filtração, diluição etc.; e embalar adequadamente o produto final, em recipientes blindados, refrigerados etc.
Atualmente, todos os radioisótopos utilizados pelo Ipen são importados, porque o reator da instituição é um equipamento de pesquisa e não tem capacidade para produção em larga escala. E este é um grande gargalo para o país, que foi seriamente afetado quando, em 2008, o reator canadense que abastecia todo o mercado brasileiro e 40% do mercado mundial teve suas atividades paralisadas. Foi necessário buscar outros fornecedores, na Argentina e na África do Sul, mas a autossuficiência do país só será assegurada se e quando o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), na cidade paulista de Iperó, se tornar realidade.
"O projeto de modernização visa adequar o laboratório para a fabricação de novos radiofármacos-piloto, para estudos clínicos e registro, com o cumprimento de todas as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa] em termos de adequação ambiental e segurança. Já estamos trabalhando com moléculas flúor-estradiol marcado com flúor 18, para o monitoramento da terapia do câncer de mama, e de PSNA 1007 marcado com flúor 18, para o monitoramento da terapia do câncer de próstata”, informa Bortoleti.