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- 22/12/2021 - INB e CDTN firmam contrato inédito que viabilizará estudos para o descomissionamentoFonte: INBNesta terça-feira (21/12), foi realizada a assinatura do contrato entre a Indústrias Nucleares do Brasil - INB e o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear – CDTN para a realização de estudos hidrológicos, hidrogeológicos e isotópicos relacionados à Unidade em Descomissionamento de Caldas – UDC. O presidente da INB, Carlos Freire Moreira, abriu a solenidade que aconteceu através de uma plataforma de videoconferência. "Esse marco de hoje é o primeiro passo de outras oportunidades que surgirão de trabalho em conjunto”, afirmou.
Essa é a primeira vez que as duas instituições firmam um contrato. O diretor de Recursos Minerais da INB, Rogério Mendes Carvalho, destacou que similarmente ao que acontece com o ciclo do combustível nuclear, a mineração também tem um ciclo que começa com a prospecção e a exploração, passa pela engenharia e produção e termina no descomissionamento. "Cada vez mais, é importante a realização de uma mineração cuidadosa, responsável e bem planejada. As políticas de ESG (Environmental, Social e Governance) devem ser os pilares de sustentação do negócio da empresa e esse planejamento tem que ser realizado do início ao fim das atividades. Esse contrato permitirá à INB e ao CDTN o uso das melhores práticas, ferramentas e tecnologias pra obtenção de resultados”, disse.
O trabalho será fundamental para a UDC conforme explica o superintendente de Descomissionamento, Diógenes Salgado Filho: "Nós tínhamos propostas em nível conceitual. Com esses estudos, poderemos definir soluções para duas áreas vitais para a Unidade. Com isso, vamos poder caminhar a passos largos para o descomissionamento”.
O CDTN é uma das unidades de pesquisa da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). As principais atividades do Centro hoje envolvem as áreas de tecnologia nuclear, minerais e materiais, saúde e meio ambiente. O diretor do CDTN, Luiz Carlos Duarte Ladeira, estava presente na cerimônia e afirmou: "O CDTN possui as condições para um olhar global que o diferencia de outros órgãos ou empresas e que, por isso, pode trabalhar desde o levantamento dos dados, passando pelas análises, tratando os resultados e modelagem e finalmente chegando ao diagnóstico, esperando que seja a resposta que a INB vem buscando ao longo desses anos”.
O presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, destacou a importância deste momento. "Esse evento é muito mais que uma assinatura do contrato, o simbolismo que representa para a área nuclear brasileira é muito grande. Tenho certeza que esse momento é o prenúncio de vários outros que acontecerão no setor nuclear brasileiro”, enfatizou. Pertusi também ressaltou que fica feliz em ver a INB atuando de forma autônoma, que ao se tornar empresa pública se desvinculou da CNEN que era sua maior acionista e reforçou a importância do trabalho da INB. "Uma atividade fantástica, que o país precisa conhecer e reconhecer esse trabalho fundamental para soberania brasileira”.
O documento foi assinado eletronicamente e comemorado por todos. Acompanharam a cerimônia outros representantes da INB, do CDTN, da CNEN e da Fundep.
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- 21/12/2021 - Gabryele Moreira estuda desigualdade de gênero na física nuclearEssa #MulherCientista é a primeira brasileira negra a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica – graças a suas pesquisas em desigualdade de gênero e em física médica.
Essa #MulherCientista é a primeira brasileira negra a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica – graças a suas pesquisas em desigualdade de gênero e em física médica.
Fonte: Super InteressanteNatural da periferia de Salvador (BA), Gabryele Moreira teve um choque quando foi realizar seu mestrado em tecnologia nuclear no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN), em São Paulo. "Eu conseguia me reconhecer nas pessoas quando estava na Bahia. Mas, quando cheguei ao IPEN, percebi que as pessoas pretas como eu eram minoria”, conta à Super.A pesquisadora da área nuclear teve muita influência de professoras negras quando estudava em uma escola pública próxima a uma unidade da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foram essas mulheres que mostraram à Gabryele a importância do ensino superior, e a possibilidade de ingressar em universidades públicas a partir do sistema de cotas. Em São Paulo, por outro lado, ela não encontrava pessoas de sua cor à frente das salas de aula.Gabryele conta que começou a perceber, a partir do cotidiano do instituto, como o mundo da energia nuclear é dominado por homens brancos. Foi então que ela conheceu a WiN (Women in Nuclear), organização sem fins lucrativos que trabalha para que mais mulheres participem do setor nuclear, ocupando espaços de liderança."Às vezes, você precisa ter um choque para transformá-lo, em algum momento, em uma revolução”, afirma Gabryele. "Não dá para cruzar os braços.” Então, a pesquisadora decidiu investigar a desigualdade de gênero na área nuclear, partindo do IPEN – que é vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e localizado na Universidade de São Paulo (USP).
Junto às pesquisadoras Priscila Rodrigues, Karoline Suzart e Nelida Mastro, ela desenvolveu um estudo do perfil sociocultural das mulheres do instituto. Elas responderam perguntas sobre sua cor, naturalidade, áreas que atuam e se ocupam cargos de chefia. O formulário também questionava se elas eram orientadas, em seus estudos, por homens ou mulheres. A pesquisa ouviu também mulheres das áreas técnica e administrativa do IPEN.
Um total de 105 mulheres responderam ao questionário. Cerca de 84% delas se declararam brancas; 9,6% negras e 6,7% amarelas. "A maioria das mulheres são orientadas por homens brancos e há poucas mulheres em cargos de chefia. A gente também percebeu que a maioria das mulheres estavam na área de física médica”, explica Gabryele.
A física médica é uma área da física nuclear aplicada à saúde, que envolve a produção de medicamentos para tratamento de câncer – dos quais 85% produzidos no Brasil são feitos no IPEN. Pesquisadores da área são responsáveis por equipamentos usados na radiologia, além do planejamento e cálculo de doses para tratamentos de câncer.
Gabryele, que se formou em Física Médica pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) em 2018, indica que as descobertas do estudo demonstram a feminilização da área de saúde – fenômeno que acontece porque as mulheres tradicionalmente estão envolvidas em tarefas relacionadas a cuidar, educar e servir.
A investigação e a pesquisa de mestrado – sobre análise de amostras biológicas, geológicas e ambientais em reator nuclear – renderam à Gabryele o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, em inglês), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). Ela é a primeira mulher preta brasileira a receber a premiação.
O prêmio oferece uma bolsa de 10 mil a 40 mil euros para que pesquisadoras se mantenham na área nuclear. Gabryele também terá a possibilidade de estudar no exterior, fazendo um estágio na IAEA – na sede em Viena (Áustria) ou em instituições vinculadas.
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- 20/12/2021 - Crise climática traz uma nova chance para a energia nuclearEnergia nuclear é uma das fontes de baixo carbono mais confiáveis disponíveis no mundo
Energia nuclear é uma das fontes de baixo carbono mais confiáveis disponíveis no mundo
Fonte: CNN BrasilCriada na Finlândia, Iida Ruishalme sempre teve uma grande afinidade com a natureza, principalmente com a floresta, onde adorava fazer caminhadas com seus cães. Hoje, ela está preocupada que suas filhas não vivenciem dias tão idílicos com a aceleração da crise climática. No mês passado, a finlandesa embarcou em um trem noturno saindo da Suíça para se juntar a protestos pela energia nuclear na capital alemã, Berlim.
Ruishalme concorda que o mundo precisa de mais usinas de energia eólica e painéis solares. No entanto, o que ela e seus colegas manifestantes realmente querem é um compromisso com outra coisa: a energia nuclear.
"Temos que dar uma chance a essa tecnologia”, escreveu a mulher, uma das fundadoras da organização Mothers for Nuclear, juntando-se a dezenas de outras pessoas segurando cartazes na frente do Portão de Brandenburgo, um cartão-postal de Berlim.
A energia nuclear é uma das fontes de baixo carbono mais confiáveis disponíveis no mundo, mas as lembranças dos acidentes de Fukushima, Chernobyl e Three Mile Island ainda são muito vívidas, alimentando o ceticismo e o medo e impedindo investidores de financiar novos projetos.
As usinas nucleares também são notoriamente caras de construir. A construção tende a ultrapassar o orçamento e o prazo. Energia eólica e solar normalmente saem mais baratas. Como armazenar com segurança o lixo radioativo produzido pelas usinas é outra dor de cabeça.
A Alemanha começou a fechar seu parque nuclear depois do desastre de Fukushima de 2011 no Japão, quando um terremoto e tsunami provocaram o derretimento de três reatores em um dos piores acidentes nucleares de todos os tempos. Todos os seis reatores ainda em operação na Alemanha devem ser fechados até o final do ano que vem.
No entanto, a escala da crise climática está encorajando outros governos e investidores a dar outra olhada na indústria nuclear.
O investimento pesado em energia nuclear dependerá do que as pessoas têm estômago para fazer. A ativista finlandesa Ruishalme, por exemplo, espera que as pessoas coloquem suas ansiedades de lado.
"Nossos instintos não produzem soluções prontas”, afirmou, acrescentando que também já considerou isso "muito arriscado”, mas mudou de ideia depois de pesquisar os prós e os contras.
Grande decisão da Europa
A energia nuclear representa atualmente cerca de 10% da produção mundial de eletricidade. Em alguns países, a participação é ainda maior. Os Estados Unidos e o Reino Unido geram cerca de 20% de sua eletricidade a partir da fonte nuclear. Na França, são 70%, de acordo com a World Nuclear Association (Associação Nuclear Mundial).
O mundo está agora em uma encruzilhada nesse tema: a energia nuclear poderia ser expandida como uma fonte robusta para manter as emissões baixas ou todo o dinheiro pode ser gasto em fontes renováveis, que são mais rápidas de construir e mais lucrativas, mas muitas vezes isso acontece de forma desigual.
Os defensores enfatizam que a energia nuclear circula mesmo quando o sol não brilha e o vento não sopra.
"Precisamos que as energias renováveis sejam complementadas por uma fonte de energia confiável, 24 horas por dia, sete dias por semana”, afirmou James Hansen, cientista climático da Universidade Columbia que também participou da manifestação em Berlim.
O governo do Reino Unido concorda. Ele apoia a construção da primeira usina nuclear do país em mais de duas décadas no sudoeste da Inglaterra. Enquanto isso, o pacote de infraestrutura do presidente dos EUA, Joe Biden, inclui US$ 6 bilhões (cerca de R$ 34 bilhões) em subsídios para manter as usinas mais antigas funcionando. Já o presidente Emmanuel Macron anunciou recentemente que a França começaria a construir novas usinas pela primeira vez em quase 20 anos.
Isso coloca a França e a Alemanha em conflito antes da decisão crucial da União Europeia sobre classificar a energia nuclear como "verde” ou "transitória” em uma lista controversa de fontes de energia sustentáveis que será revelada na quarta-feira (22). O resultado pode desencadear uma onda de novos investimentos ou deixar a fonte nuclear de fora.
O chefe do clima da UE, Frans Timmermans, indicou recentemente que tanto a energia nuclear quanto o gás natural (que é composto principalmente do gás metano do efeito estufa) podem se qualificar para o financiamento verde.
"Acho que precisamos encontrar uma maneira de reconhecer que essas duas fontes de energia desempenham um papel na transição energética”, afirmou em um evento organizado pelo site Politico. "Isso não os torna verdes, mas reconhece o fato de que a energia nuclear, tendo emissões zero, é muito importante para reduzir as emissões, e que o gás natural será muito importante na transição do carvão para a energia renovável”.
Enquanto a energia nuclear produz emissões zero quando gerada, o urânio necessário para fazê-la precisa ser minerado, e esse processo emite gases de efeito estufa. No entanto, uma análise feita pela Comissão Europeia concluiu que as emissões da energia nuclear são aproximadamente as mesmas da energia eólica e menores que as da energia solar quando todo o ciclo de produção é levado em consideração.
Hansen, da Universidade Columbia, um defensor de longa data da energia nuclear, disse que ela é fundamental nos esforços globais de descarbonização e que a Alemanha não deve usar sua influência política para impedir novos investimentos.
"A consequência de tratá-la como não sustentável é que não teremos um caminho para limitar as mudanças climáticas ao nível que os jovens estão exigindo agora”, disse. "É muito importante que a Alemanha não possa impor essa política ao resto da Europa e ao mundo”.
Mas os políticos e especialistas alemães argumentam que os altos custos e o tempo necessário para construir novas fábricas (não menos do que cinco anos, e muitas vezes muito mais) significam que o dinheiro seria mais bem gasto em outro lugar.
A última palavra da ciência do clima apoiada pela ONU mostra que o mundo deveria reduzir as emissões quase pela metade nesta década para ter qualquer chance de limitar o aquecimento global a 1,50 C até o final do século, um limite vital para evitar o agravamento dos impactos climáticos. O mundo também deve buscar as emissões zero (net zero) em meados do século, significando que as emissões devem ser reduzidas o máximo possível e o restante deve ser capturado ou compensado.
As promessas atuais, incluindo aquelas feitas na recente cúpula do clima, a COP26 na Escócia, apenas fazem o mundo atingir um quarto desse caminho, de acordo com o Climate Action Tracker.
A Agência Internacional de Energia diz que a geração de energia nuclear deve ser mais do que o dobro entre 2020 e 2050 na busca pela emissão zero. Sua participação no mix de eletricidade diminuirá, mas isso porque a demanda por energia aumentará à medida que o mundo eletrificará o maior número possível de máquinas, incluindo carros e outros veículos.
No entanto, Ben Wealer, que pesquisa economia de energia nuclear na Universidade Técnica de Berlim, argumenta que o mundo não pode esperar novas usinas nucleares, especialmente porque os próximos oito anos são tão cruciais para a descarbonização.
"Olhando para os prazos, as usinas nucleares podem não ser uma grande ajuda no combate às mudanças climáticas”, opinou. "Elas bloqueiam o dinheiro necessário para as energias renováveis”.
Mesmo que o mundo tivesse mais tempo, os atrasos são um problema. A planta de Hinkley Point C no Reino Unido, por exemplo, citada acima como o projeto do sul da Inglaterra, deve ser concluída em meados de 2026, seis meses depois do planejado, e seus custos estão aumentando. O preço mais recente foi de £ 23 bilhões (cerca de R$ 173 bilhões), cerca de £ 5 bilhões (cerca de R$ 37 bilhões) a mais do que quando o projeto foi lançado em 2016.
Autoridades alemãs também argumentam que a falta de um plano global para armazenar lixo tóxico deve desqualificar a energia nuclear como uma fonte de energia "sustentável”.
Christoph Hamann, membro do escritório federal alemão para gestão de resíduos nucleares, enfatizou que os esforços do governo para construir locais subterrâneos onde os resíduos possam ser armazenados indefinidamente continuam sendo um trabalho contínuo.
"É um lixo muito tóxico e altamente radioativo, que está produzindo problemas pelas próximas dezenas de milhares, ou mesmo centenas de milhares de anos. Ao usar a energia nuclear, estamos legando esse problema para as gerações futuras”, disse Hamann.
Onda de financiamento
Não é apenas a Europa que tem ponderado a respeito da energia nuclear. O movimento mais forte em favor da energia acontece na China, onde há 18 reatores em construção, já que o maior emissor do mundo tenta se afastar do carvão. Isso é mais de 30% dos reatores sendo construídos globalmente, de acordo com a World Nuclear Association.
Além disso, o debate ficou mais complexo com o desenvolvimento de novas tecnologias nucleares, mostrando sinais de que podem gerar melhores retornos financeiros.
O governo dos EUA tem apoiado a TerraPower, a startup liderada por Bill Gates. A empresa, que quer erguer um projeto nuclear de próxima geração em um antigo centro de carvão em Wyoming, utiliza sal fundido para transferir calor do reator e usá-lo para gerar eletricidade, o que simplificaria a construção e permitiria o ajuste da produção para atender à demanda em constante mudança.
Enquanto isso, a Grã-Bretanha está apoiando que a empresa de engenharia Rolls-Royce construa reatores nucleares menores, que têm custos iniciais mais baixos. O argumento de venda pode ajudar a atrair investidores privados.
"É muitíssimo difícil para qualquer país alcançar ambições de emissões líquidas zero sem energia nuclear”, pontuou Tom Samson, CEO do novo empreendimento da Rolls-Royce.
As peças do reator Rolls-Royce são projetadas de forma que quase tudo possa ser construído e montado em uma fábrica, limitando o tempo necessário para montar seus componentes em um canteiro de obras caro. Inicialmente, a produção é estimada em £ 2,2 bilhões (cerca de R$ 15,6 bilhões) por unidade.
"Se você olhar para o passado, vai encontrar muitos exemplos de grandes projetos nucleares que tiveram dificuldades”, disse Samson. "Projetamos o nosso para ser diferente”.
Cerca de £ 210 milhões (cerca de R$ 1,585 bilhão) em financiamento do governo do Reino Unido permitirão que a empresa comece a se buscar aprovações regulatórias. Ela espera abrir três usinas na Grã-Bretanha e produzir cerca de duas unidades por ano, o que abasteceria dois milhões de residências. A primeira unidade deverá entrar em serviço no Reino Unido em 2031.
Para efeitos de comparação, espera-se que a estação de energia de Hinkley forneça eletricidade para seis milhões de residências.
Samson também enfatiza que reatores menores produzem poucos resíduos. Segundo ele, o combustível usado de um pequeno reator modular operando por 60 anos encheria uma piscina olímpica.
Fissão ou fusão?
De acordo com dados da empresa de pesquisas e dados PitchBook, startups de energia nuclear levantaram US$ 676 milhões (cerca de R$ 3,850 bilhões) em financiamento de capital de risco globalmente nos primeiros nove meses de 2021. Isso é mais do que o valor total arrecadado nos últimos cinco anos combinados.
O valor inclui o financiamento para startups que exploram a fusão nuclear, que tem atraído mais atenção. Os geradores de energia nuclear atualmente em operação usam tecnologia de fissão, que envolve a divisão do núcleo de um átomo. A fusão é o processo de combinar dois núcleos para criar energia – frequentemente chamada de energia do sol ou das estrelas.
Os cientistas ainda estão tentando descobrir como gerenciar com sucesso uma reação de fusão e transformá-la em um projeto comercialmente viável. Mas os investidores estão cada vez mais entusiasmados com seu potencial, uma vez que não produz resíduos radioativos remanescentes e a tecnologia não apresenta risco de derretimento no estilo de Fukushima, nem depende do urânio.
A Helion, uma startup de fusão com sede nos Estados Unidos, anunciou no mês passado que arrecadou US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,850 bilhões) em uma rodada liderada por Sam Altman, o ex-presidente da Y Combinator.
Enquanto o mundo pondera qual caminho usar a energia nuclear, pode levar anos até que esteja claro qual é o caminho certo a seguir. Um olhar sobre a Alemanha e a França daqui a 10 ou 20 anos pode fornecer a resposta.
Em última análise, os argumentos sobre emissões, confiabilidade e economia podem ser deixados de lado. O verdadeiro futuro da energia nuclear pode depender da opinião pública.
"Se houver um acidente nuclear, algo grande, isso pode matar toda o setor”, afirmou Henning Gloystein, diretor de energia, clima e recursos do Eurasia Group.
Xiaofei Lu contribuiu nesta reportagem.
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- 16/12/2021 - Proposta macabra. Facada no projeto do reator multipropósito.Fonte: Blog Tania MalheirosEm mais um ano marcado pelo sofrimento dos brasileiros com a pandemia da Covid-19, a alta do desemprego e a crise econômica sanitária que o governo Bolsonaro colocou o país, temos sofrido também a descontinuidade de políticas e serviços públicos, como forma primária de justificar a redução dos investimentos e sua posterior privatização. Um dos principais exemplos desta agenda nefasta é o desfinanciamento do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que por mais de uma vez, interrompeu a produção de radiofármacos devido a suspensão de repasses do governo federal.O IPEN é uma das principais instituições de pesquisa técnico-científica e de desenvolvimento tecnológico do nosso país. Administrado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o órgão é fundamental na garantia do direito à saúde, através da produção de radiofármacos.
É uma indústria radiofarmacêutica de excelência e, além de sofrer com a ausência de recursos, foi golpeada com a PEC 517/2010, de autoria do Senador Álvaro Dias, que busca determinar que, sob regime de permissão, serão autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos agrícolas e industriais, e a produção, a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e uso médicos.
Discutimos a PEC por mais de um mês e meio na Comissão Especial criada para analisar a proposta e junto com outros parlamentares da oposição, após muitas obstruções, impedimos que o texto original fosse aprovado pelo que ele significa de ataques ao direito à saúde dos brasileiros e a soberania nacional. Um projeto macabro de concentração e abandono da maioria da população brasileira no acesso a esses serviços.
A quebra do monopólio para os radioisótopos de meia-vida curta não proporciona a democratização do acesso, pelo contrário. A atuação da iniciativa privada se concentrou nas capitais do Sul e Sudeste, onde evidentemente há retorno dos investimentos. Desta forma, a expansão do acesso e dos serviços não se deu pela quebra do monopólio, ação que fica evidente ao identificarmos que o IPEN continua responsável pela quase totalidade da oferta dos radiofármacos usados no SUS e na saúde suplementar no Brasil.
Com destaques, o texto foi aprovado na Comissão e caso também seja no plenário da Câmara dos Deputados vai significar que: o governo federal vai se sentir desobrigado a manter investimentos no IPEN; uma empresa que registrar qualquer produto na Anvisa, o IPEN estará impedido de o produzir; medicamentos que já são caros ficarão ainda mais e aumento de lobbies para pressão no orçamento do SUS e aumento na mensalidade dos planos de saúde.
Além da área da saúde, a proposta dá uma facada no projeto do reator multipropósito, que garante soberania de produção do insumo para que o Brasil não precise mais importar.
Esse relatório vai asfixiar o IPEN, aumentar o valor dos insumos, tirar mais dinheiro do SUS e dos usuários dos planos de saúde, concentrar os serviços para um mercado menos aquecido e inviabilizar o projeto do reator multipropósito.
Todas as audiências públicas da Comissão foram acompanhadas pelos trabalhadores do IPEN que, durante mais de 60 anos de atividade, exerceu o seu papel de principal fornecedor de radiofármacos para clínicas e hospitais instalados por todo o país e nunca faltou com o que a Constituição brasileira estabelece como obrigação do Estado. Inclusive, em conjunturas extremamente adversas, como a atual de pandemia, com o atendimento de 100% da demanda.
A tramitação da PEC segue no Congresso e qualquer marco legal em relação aos radioisótopos deveria ter como ponto central o direito à saúde e à vida, estabelecidos com a nossa Constituição, que determina que o direito à saúde da população não deve ser algo movido aos interesses do mercado. Pode haver parceria privada no desenvolvimento e tecnologia, mas desde que liderada pelo interesse público, pelo SUS. Vamos permanecer na luta para que o direito seja garantido.
Alexandre Padilha - Médico, professor universitário, deputado federal (PT-SP), ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.
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- 15/12/2021 - Medicina nuclear: produção de medicamentos para combater o câncer nas mãos da iniciativa privadaFonte: Blog Tania MalheirosA comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a possibilidade de produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada concluiu na noite desta quarta-feira (15) a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, de autoria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O último destaque ao relatório do deputado General Peternelli (PSL-SP) foi rejeitado. O texto poderá seguir para análise do Plenário da Câmara.A proposta aprovada quebra o monopólio do governo para a fabricação de radioisótopos. Atualmente, a produção e a comercialização desses fármacos no Brasil são realizadas pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN). O General defende que a privatização reduzirá os custos da produção. A direção do IPEN afirma que é o contrário.
A Constituição autoriza hoje, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas, no entanto, só é aceita no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas).
Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireoide.
Os deputados Alexandre Padilha (PT-SP), Jorge Solla (PT-BA) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), entre outros, criticaram a matéria. Na avaliação dos parlamentares, a PEC 517/10, se aprovada, vai retirar recursos do setor nuclear público brasileiro e prejudicar pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), com um possível encarecimento da produção.
São dois milhões de procedimentos por ano por clinicas privadas e do SUS. "Apenas reivindicamos que a regulação desse processo fosse pública, pelo SUS. A lógica do preço cobrado desse radiofármaco tem que ser a da regulação pública. Não pode ser a lógica da iniciativa privada, que pratica hoje um preço quase três vezes maior que o do País”, afirmou o deputado Alexandre Padilha.
Fonte: Agência Câmara de Notícias – Foto: General Peternelli. Leia diversas matérias sobre o assunto, entre elas, a carta do presidente do IPEN, na semana passada.
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- 11/12/2021 - Estudante da USP é primeira brasileira preta premiada com bolsa de agência nuclear internacionalAna Gabryele Moreira, natural de Salvador (BA), é mestranda na capital paulista e terá incentivo após analisar a participação das mulheres na área nuclear do IPEN. Ela recebeu o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica.
Ana Gabryele Moreira, natural de Salvador (BA), é mestranda na capital paulista e terá incentivo após analisar a participação das mulheres na área nuclear do IPEN. Ela recebeu o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica.
Fonte: G1
Estudante de física médica na Universidade de São Paulo (USP), Ana Gabryele Moreira, de 29 anos, seguirá o mestrado fora do país em 2022. Isso porque ela se tornou a primeira mulher preta brasileira a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica (de sigla IAEA, em inglês), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
Nascida no bairro de Cajazeiras, área periférica da capital baiana Salvador, a jovem contou com uma série de mulheres a incentivando em sua trajetória escolar. Ela levou o prêmio justamente através de uma análise sobre a participação delas na área nuclear.
Com a conquista do prêmio, a jovem preta terá uma bolsa de 10 mil a 40 mil euros para estudar no exterior a partir do ano que vem. Ainda não está definido o local, podendo ser a sede da Agência, que fica em Viena, na Áustria.
Em 2020, a IAEA iniciou um trabalho para incentivar mulheres a ingressarem no mundo da energia nuclear. Como explica Gabryele, contemplada nesta segunda edição do prêmio, a área é praticamente toda dominada por homens brancos.
"Desenvolvi uma pesquisa junto ao instituto e a WiN Brasil para entender o perfil sociocultural dessas mulheres. Foi perguntado cor, naturalidade, se são orientadas por homens ou mulheres, áreas que mais atuam, mulheres que são referências no instituto pra elas, se tem cargo de chefia", conta, sobre a pesquisa "Estudo do perfil sociocultural de mulheres que atuam em um instituto nuclear brasileiro", feito por ela, Priscila Rodrigues, Karoline Suzart e Nelida Mastro.
Resultados da pesquisa
Ana Gabryele traçou o perfil sociocultural dessas mulheres. Nos resultados, com base em respostas voluntárias, as raras mulheres que ocupam espaços são divididas em 84% brancas e apenas 10% pretas. "Não há nenhuma indígena e há poucas mulheres ocupando cargos de chefia", completa.
O estudo da física nuclear contempla, além do estudo na área nuclear em reatores e usinas, a produção de medicamentos para tratamento de câncer, utilizados hoje pelo SUS. São calibrados equipamentos utilizados na radiologia, detectores de radiação e é feito o planejamento e cálculo de doses corretas para tratamentos de câncer, como em Física Médica, por exemplo.
São funções, como conta a estudante preta, mais voltadas para a saúde. E é onde as mulheres aparecem mais. "Escolher áreas da biomédica sugere feminilização da ocupação. A profissionalização feminina, há séculos, estava relacionada a funções que mulheres desempenham tradicionalmente, atividades como cuidar, educar, servir, que eram entendidas como dom ou vocação".
Apesar de estudar tecnologia nuclear, Ana também segue como estudante de física médica. Paralelamente, busca mostrar os trabalhos dessas mulheres, entre elas Linda Caldas, Constância Pagano, Mitiko Saiki, Denise Furgaro e Maria Elisa Rostelato. "São as mais citadas e reconhecidas entre as mulheres do instituto", pontua.
"Teve o trabalho de um homem, aqui no Brasil, em que ele cita 16 homens na física nuclear, nenhuma mulher. E trazemos justamente essa crítica, que tem mulheres muito boas trabalhando na física nuclear do Brasil, reconhecidas internacionalmente, e mulheres não são citas", exemplifica, ao citar o livro "O Programa Nuclear Brasileiro", de Carlo Patti, analisado em uma dissertação de Camila Faiçal Cruz.
Trajetória até o estudo internacional
Desde a formação em escola que ficava próximo a uma unidade da Universidade Federal da Bahia, onde explicavam a importância do ensino superior, foram as mulheres responsáveis por instigar Ana Gabryele. Ela é a primeira pessoa da família a ingressar na universidade pública graças, como ela conta, ao sistema de cotas.
Filha de um trabalhador de transporte coletivo e uma dona de casa, ela tentou por cinco anos entrar na UFBA, até passar na Universidade Federal de Sergipe, depois de ter feito um curso tecnológico em radiologia. Ali, recebeu o conselho de ir para a física médica. Deu certo.
"A partir disso, durante toda a minha graduação, dependi de auxílio permanência e moradia estudantil, como o Reuni. Sem todos esses auxílios não seria possível para mim permanecer na universidade", relembra. "Eu sou apenas uma dos milhares de jovens com origens e trajetórias semelhantes: periféricas e pretas, que precisam desta oportunidade e condições para poder sonhar com o que estou vivendo agora. Esses auxílios sofrem cortes orçamentários, devido a ações do governo federal no atual momento", critica.
As professoras do ensino básico deram lugar às orientadoras Divanizia Nascimento, Ana Maia, Susana Lalic, Marcia Attie e Laélia Campos, do curso de Física Médica da Universidade Federal do Sergipe, onde Ana se formou. Elas incentivam as estudantes durante a graduação a conquistarem novas possibilidades no meio acadêmico. Foram elas as responsáveis por provocarem Ana a se mudar e estudar em São Paulo, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), dentro da USP – onde fica o primeiro reator nuclear do Brasil e onde algumas delas se formaram.
É nele que são produzidos 25 medicamentos diferentes para o tratamento de câncer, os chamados radiofármacos. Cerca de 85% destes medicamentos no país são feitas no instituto.
O IPEN é vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear, a CNEN, que fiscaliza e regulamenta o uso da energia nuclear em todo o país. Internacionalmente, o CNEN se reporta à Agência Internacional de Energia Atômica. Estava feito o elo para Ana Gabryele tentar - e conseguir - sua bolsa.
"A área nuclear é muito voltada para homens brancos e a agência está com projeto de equidade de gênero", diz Ana. Para alterar a situação atual, surgiu o WiN (Mulheres na área nuclear, em tradução livre do inglês) – entre eles Win Brasil (Mulheres do Setor Nuclear Brasil), entidade presidida por Danila Dias.
"O propósito é fazer análise quantitativa, promover ações, eventos científicos, desmistificar e incentivar meninas e mulheres a entrarem na área, além de garantir que se tenha um espaço para elas se sentirem acolhidas", afirma a estudante.
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- 08/12/2021 - Medicina Nuclear: adiada votação visando privatizar a produção de medicamentos contra o câncerFonte: Blog Tania MalheirosA Comissão Especial da Câmara dos Deputados adiou a votação da proposta que prevê a possibilidade de produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada, que estava marcada para esta quarta-feira (8). A nova data da votação ainda não foi marcada. A produção de radiofármacos (medicamentos que emitem radiação para o combate ao câncer), a partir de radioisótopos (insumos) é de responsabilidade do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN), com mais de 60 anos de existência.Os destaques apresentados pelo PT estavam previstos para serem votados pelo colegiado hoje, mas a reunião foi encerrada em razão do início das votações no Plenário. O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que apresentou os destaques, pediu para que cada um dos três tópicos da proposta seja votado separadamente. O texto-base do relator, deputado General Peternelli (PSL-SP) já foi aprovado na semana passada.
A quebra do monopólio para a produção desses fármacos está prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que tem sido condenada por entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, vem denunciando que sua presença tem sido vetada nas audiências e alerta que a quebra do monopólio causará danos gravíssimos.
"Entendemos que poderá trazer irremediáveis prejuízos à saúde da população brasileira, além de afetar o desenvolvimento cientifico e tecnológico nesta área tão estratégica da medicina nuclear, a comunidade cientifica gostaria de ser ouvida para que possa apresentar seus argumentos contrários a aprovação desta PEC.”
A Constituição autoriza hoje, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas, no entanto, só é permitida no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas). Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação e que são usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireoide.
SOBERANIA DO PAÍS
Autor dos destaques que ainda podem alterar a proposta, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) discorda dos argumentos do relator de que a abertura para o setor privado seja a solução. "A falta de recursos para a aquisição de insumos necessários para a produção de radiofármacos, bem como os limites fiscais, não podem servir de justificativa para a privatização de produtos que envolvem a segurança e soberania do País”, disse.
Alexandre Padilha destaca ainda que está em construção no País o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em Iperó, São Paulo. Entre os objetivos do RMB está a produção de radioisótopos e de radiofármacos a fim de suprir toda a demanda nacional, incluindo a de molibdênio-99, gerador do tecnécio-99m, que é o radioisótopo mais utilizado na medicina nuclear.
Fonte: Agência Câmara de Notícias - SBPC
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- 06/12/2021 - Água consumida em Poços de Caldas não apresenta contaminação radioativa, afirma relatório inéditoFonte: BandNewsUm relatório científico intitulado "Nota Técnica Nº 02/2021/LAB-PROQ-LAPOC/SECTEC/LAPOC/CGRC/DRS”, elaborado por profissionais do Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), apresentou a seguinte conclusão: "as águas fornecidas pelas estações de tratamento da Prefeitura de Poços de Caldas - MG não apresentam níveis de radioatividade que motive temor por parte dos habitantes do município, pelo fato dessas águas serem adequadas ao consumo humano e, portanto, em conformidade com a legislação”. Além disso, o documento destacou a importância dos processos de tratamento de água realizados no município: "o processo adotado no tratamento contribui substancialmente para reduzir ainda mais a radioatividade”.
De acordo com o documento, a motivação para a realização do estudo surgiu da veiculação de informações sem comprovação científica, sobretudo em redes sociais, acerca de uma suposta contaminação radioativa nas águas do município de Poços de Caldas. O trabalho coletou amostras de água no decorrer do ano de 2020 nos reservatórios de Estações de Tratamento de Água municipais, realizou análises de parâmetros radiométricos e comparou os resultados com a legislação vigente do Ministério da Saúde, concluindo que "a qualidade das águas está em conformidade com a legislação vigente, sendo, portanto, apropriada ao consumo humano”.
O estudo foi conduzido pelos doutores Marcos R. L. do Nascimento, Henrique T. FukumaeHeber L. C. Alberti, todos do LAPOC/CNEN. Para Marcos Nascimento, "esse trabalho visou esclarecer cientificamente esse tema para a população de Poços de Caldas, pois é um assunto de interesse para a saúde pública”. Ainda segundo o químico, pesquisa semelhante já se iniciou para o município de Caldas (MG), sendo que os resultados devem ser divulgados no início de 2023, considerando que as amostragens serão feitas ao longo do ano de 2022. -
- 03/12/2021 - CNEN participa da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em Brasília - 3 a 10 de dezembroFonte: site da CNEN
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) participa, de 3 a 10 de dezembro, da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Em um estande montado no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, a Comissão apresenta aplicações da energia nuclear realizadas em diferentes áreas e que beneficiam a sociedade brasileira. A instituição também mostra suas atividades no licenciamento e controle do uso das radiações ionizantes no Brasil e os principais projetos que desenvolve na atualidade, como o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
No Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade estão reunidas diversas instituições brasileiras que atuam na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação. A abertura oficial do evento ocorreu na tarde da última sexta-feira (3/12). Na ocasião, estiveram presentes o presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, e o titular da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da instituição, Madison Coelho de Almeida. Após a solenidade de abertura, ambos estiveram no estande da CNEN e conversaram com os expositores e com o público. Na tarde de quarta-feira (8/12), o ministro Marcos Pontes, do MCTI, foi conhecer o estande da CNEN, onde foi recebido pelos expositores e pelo presidente da instituição.
Este ano, o estande da CNEN conta com cerca de 20 expositores vindos de diferentes unidades da instituição. Há servidores do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN), do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE/CNEN), do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN) e do Escritório de Brasília (ESBRA/CNEN). Em suas diferentes áreas de atuação, os profissionais explicam como a tecnologia nuclear beneficia os brasileiros através de diversas e diversificadas aplicações.
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- 03/12/2021 - Rio é forte candidato a receber quarta usina nuclear do país, diz ministroEstudos do Ministério de Minas e Energia devem terminar no início de 2022; ES e PB também estão no páreo
Estudos do Ministério de Minas e Energia devem terminar no início de 2022; ES e PB também estão no páreo
Fonte: CNN BrasilO ministro Bento Albuquerque disse à CNN que o estado do Rio de Janeiro é um ‘forte candidato’ a receber a quarta usina de energia nuclear do Brasil. A intenção do governo federal é aumentar a quantidade de energia gerada a partir desse tipo de fonte, antes mesmo da conclusão de Angra 3, até como maneira de diminuir os impactos futuros de uma nova crise hídrica.
"Nós já iniciamos os estudos, a Empresa de Pesquisa Energética junto com a própria Eletrobras, de eventuais sítios, ou seja, locais, onde essa usina possa ser construída”, disse o ministro. Com previsão pra terminar no ano que vem, a CNN apurou que os estudos ainda cogitam outros locais do país como Espírito Santo e Pernambuco.
A viabilidade está condicionada à proximidade ao mar, já que a água é usada como elemento de resfriamento. Também são consideradas as características do terreno e a localização geográfica para que a energia gerada chegue ao Sistema Interligado Nacional.
"O Rio é um estado privilegiado no que diz respeito não só à sua posição geográfica, que é na região Sudeste do país, mas também pelo potencial energético que possui, não só na produção de petróleo e gás mas também na geração nuclear – e também por todo parque industrial que existe no Rio de Janeiro. Então o estado do Rio de Janeiro é um grande concorrente e outros estados da federação também”, afirmou Bento Albuquerque.
Depois de anos de paralisação, as obras de Angra 3 foram retomadas pela atual gestão de Jair Bolsonaro (PL). A previsão do Ministério de Minas e Energia é que elas continuem até 2026. A quarta usina nuclear viria antes disso.
Hoje menos de 3% da matriz energética brasileira vem das duas usinas nuclear que o país controla: Angra 1 e Angra 2. "Seria muito bom se nós tivéssemos 3% e se Angra 3 já estivesse em operação”, disse Bento Albuquerque.
A implementação de uma quarta usina nuclear no Brasil já está prevista no Plano Nacional de Energia e a intenção do ministro é ver nesse tipo de fonte, usinas que sejam "mais eficientes, menores que as atuais, com menor custo também e com segurança total”.
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- 02/12/2021 - Comissão especial aprova texto-base da PEC que autoriza empresas privadas a produzir radiofármacosAinda restam votar destaques apresentados pelo PT, que é contra a quebra do monopólio estatal
Ainda restam votar destaques apresentados pelo PT, que é contra a quebra do monopólio estatal
Fonte: Agência Câmara de NotíciasA comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a possibilidade de produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada aprovou na quarta-feira (1º) o texto-base do relator, deputado General Peternelli (PSL-SP). O colegiado marcou para 8 de dezembro a votação dos três destaques apresentados pelo PT.
A quebra do monopólio governamental para a produção desses fármacos está prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, do Senado.
Atualmente, a Constituição já autoriza, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas, no entanto, só é permitida no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas).
Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireóide.
Redução de custos
Ao defender a aprovação do texto, Peternelli argumentou que a produção pela iniciativa privada "resultará em menores custos para a pesquisa, a produção e o uso de radiofármacos, pois eliminará gastos relacionados com o processo de importação, frete, seguros e câmbio”.
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui 65 procedimentos incorporados que utilizam radiofármacos, sendo 54 para diagnóstico e 11 terapêuticos.
Hoje, a produção e a comercialização de radioisótopos no Brasil são realizadas por intermédio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e seus institutos, como o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo.
Destaques
Autor dos destaques que ainda podem alterar a proposta, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) discorda que a abertura para o setor privado seja a solução. "A falta de recursos para a aquisição de insumos necessários para a produção de radiofármacos, bem como os limites fiscais, não podem servir de justificativa para a privatização de produtos que envolvem a segurança e soberania do País”, disse.
Alexandre Padilha destaca ainda que está em construção no País o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em Iperó, São Paulo. Entre os objetivos do RMB está a produção de radioisótopos e de radiofármacos a fim de suprir toda a demanda nacional, incluindo a de molibdênio-99, gerador do tecnécio-99m, que é o radioisótopo mais utilizado na medicina nuclear.
Saiba mais sobre a tramitação de PECs
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- 02/12/2021 - CNS recomenda ao governo investimento de R$ 89,7 milhões para que SUS continue produção de radiofármacos até o final do anoFonte: Conselho Nacional da SaúdeO Conselho Nacional de Saúde (CNS) recomendou nesta quarta (1/12) a regularização imediata da produção e fornecimento de radiofármacos e a retomada do Complexo Econômico e Industrial da Saúde para a produção de medicamentos. A área vem passando por processo de desfinanciamento que tem prejudicado a população brasileira, especialmente quem depende de tratamentos radiofarmacológicos via Sistema Único de Saúde (SUS).
O documento é direcionado ao Governo Federal e ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Segundo a recomendação, diante dos cortes recentes no orçamento, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) teve que suspender a compra dos insumos, o que prejudicou toda a cadeia de produção e distribuição de radiofármacos e radioisótopos usados para o tratamento de câncer no Brasil.
O Ipen é responsável pelo fornecimento de 25 radiofármacos aos laboratórios e hospitais de todo o Brasil, que corresponde cerca de 85% de toda a produção nacional. Em 2020, a verba repassada ao Ipen, pelo Governo Federal, foi de R$ 165 milhões e até agosto de 2021, o instituto recebeu pouco mais de R$ 91 milhões, o que significa um corte de 46% dos recursos.
Segundo o CNS, o Ipen precisa de R$ 89,7 milhões em créditos suplementares para reforçar o caixa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e continuar com produção de radiofármacos até dezembro do corrente ano.
O documento informa ainda que o desabastecimento causado pela paralisação no Ipen pode afetar cerca de 2 milhões de pessoas em todo o país, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
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- 02/12/2021 - A energia nuclear é favorável ao clima?Fonte: Portal Terra
"Quem é contra a energia nuclear é contra a proteção climática", dizem defensores da energia atômica. O tema é altamente controverso. Mas o que dizem os números? Seria esta uma solução para o aquecimento global? São números como esses que geram questionamentos sobre a seriedade com que o mundo lida com a crise do clima: as emissões globais de CO2 devem aumentar em 4,9% em 2021, em comparação com o ano anterior, preveem os pesquisadores da iniciativa Global Carbon Project, em um estudo recente. Sim, é verdade que no ano passado as emissões caíram 5,4% devido à pandemia, e que uma recuperação era esperada. Mas, ainda assim, não com tanta força.Uma vez que o setor de energia continua sendo o maior emissor de gases causadores do efeito estufa, com uma parcela de 40% do total (e com tendência de crescimento), os olhos do mundo, voltados para a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), recaem prioritariamente sobre esse tema. Como fazer para tornar nossa energia elétrica mais favorável ao clima?A resposta, para alguns é: com mais energia atômica. Os defensores da energia nuclear a veem como uma tecnologia favorável ao meio ambiente ou, ao menos, transitória. "Quem é contra a energia nuclear é contra a proteção do clima"; "se você não apoia o progresso da energia nuclear, você não é seriamente a favor da redução das emissões"; ou ainda, "está para acontecer o retorno da energia atômica". O que está por trás dessas afirmações?A energia nuclear é livre de emissões?Não. A energia nuclear também gera gases causadores do efeito estufa. Quase nenhuma forma de energia é livre de emissões, mas, falaremos disso mais para frente.A extração, transporte e processamento de urânio gera emissões, assim como a prolongada e complexa construção das usinas nucleares. O mesmo ocorre durante o desmonte dessas estruturas. E, por último, mas não menos importante, o lixo nuclear deve ser transportado e armazenado sob rígidas condições - em um processo que também emite CO2.Mesmo assim, alguns grupos defendem que a energia nuclear seria livre de emissões. Um exemplo disso é um estudo realizado pela empresa austríaca Enco para o Ministério da Economia da Holanda, onde o possível futuro papel da energia nuclear para geração de energia é analisado de maneira positiva."As maiores razões para escolher a energia nuclear são a confiabilidade e segurança no fornecimento, sem emissões de CO2", conclui a análise. A Enco, porém, foi fundada por especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e trabalha com investidores no setor, ou seja, não é completamente livre de interesses."Levando-se em conta o sistema geral atual de energia, a energia nuclear não é, de modo algum, neutra de CO2". Esta é a conclusão do grupo de pesquisas Cientistas para o Futuro, apresentada nas discussões sobre energia nuclear e o clima durante a COP26.Um dos autores do estudo, o pesquisador Ben Wealer, da Universidade Técnica de Berlim, critica os defensores da energia nuclear por "fracassarem em considerar diversos fatores". Por exemplo, a construção e operação dos depósitos de rejeitos, o transporte do lixo nuclear e o desmonte das usinas. Todo os estudos que a reportagem da DW pôde analisar apontam para a mesma direção: as usinas nucleares não são livres de carbono.Qual a quantidade de CO2 gerada na produção de energia nuclear?Nesse ponto, os resultados divergem bastante, dependendo se é avaliado o processo de geração de energia no sentido mais reduzido, ou se é levado em conta o ciclo vital completo de uma usina nuclear. Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2014, calcula uma quantidade de CO2 de 3,7 a 110 gramas por kilowatt/hora.Durante muito tempo, presumia-se um total de 66 gramas de CO2 por kilowatt/hora, estimativa que, segundo Ben Wealer, não é verdadeira. Ele diz que o valor real seria bem mais alto. Os novos sistemas geram mais CO2 do que os antigos, devido a regulamentações mais complexas, como por exemplo, em questões de segurança.São raros os estudos que avaliam o ciclo completo da existência e geração de energia das usinas nucleares, desde a extração do urânio até os depósitos de lixo nuclear. Alguns pesquisadores relatam a inexistência de dados. Um estudo do Serviço Mundial de Informações sobre Energia (Wise), calcula que as emissões de CO2 devem ser de 117 gramas por kilowatt de energia nuclear, calculando todo o ciclo vital das usinas.Deve-se levar em conta que o Wise é declaradamente contra a energia nuclear, portanto, não é totalmente imparcial. Mas, outros cálculos sobre o ciclo vital completo também apresentam valores semelhantes. Segundo o pesquisador Mark Z. Jacobsen, as emissões seriam de entre 68 e 180 CO2/kWh, dependendo da mistura de energia elétrica para a extração de urânio, além de outras variáveis.Como é a energia nuclear em comparação com as outras fontes?Se todo o ciclo vital de uma usina nuclear for incluído no cálculo, a energia nuclear estará em melhor posição do que fontes como o carvão ou gás. Mas, em relação às fontes renováveis de energia, a disparidade é enorme.Dados recentes, mas ainda não publicados, calculados pela Agência Federal para o Meio Ambiente da Alemanha juntamente com o Wise, revelam que a energia nuclear libera 3,5 vezes mais CO2/kWh do que os sistemas de células fotovoltaicas para a obtenção de energia solar.Se comparada à energia eólica produzida em terra, a diferença é 13 vezes maior. Em relação à energia hidrelétrica, as usinas nucleares produzem 29 vezes mais CO2.A expansão da energia nuclear pode deter o aquecimento global?Em todo o mundo, defensores da energia atômica, assim como alguns políticos, pedem a expansão do uso desse tipo de energia. Na Alemanha, por exemplo, o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), descreve a energia nuclear como "moderna e limpa". Os populistas querem o retorno do país à energia atômica, ao mesmo tempo em que outros países planejam novas usinas.O argumento é que, sem energia nuclear, o equilíbrio climático do setor energético se deteriorará. Entretanto, numerosas pesquisas contradizem essa tese."A contribuição [da energia nuclear] é vista de maneira demasiadamente otimista", diz Ben Wealer. "Na verdade, o tempo de construção é longo demais e os custos são muito altos para que se tenha um efeito perceptível nas mudanças climáticas. A energia atômica é disponibilizada de maneira muito lenta", observou.Mycle Schneider, autor do Relatório do Status da Indústria Nuclear Mundial, afirma que, segundo novos cálculos, "a energia nuclear é cerca de quatro vezes mais cara do que a energia solar e a construção demora cinco vezes mais. Se levarmos tudo em conta, a construção de uma usina nuclear levar em torno de 20 anos".O mundo, porém, corre para manter as emissões sob controle dentro de um década. "A energia nuclear não estará apta a dar uma contribuição significativa nos próximos dez anos."Antony Froggatt, pesquisador e consultor de políticas do think tank britânico Chatam House, compartilha dessa opinião. "A energia atômica não é uma solução para as mudanças climáticas". Uma combinação de custos excessivos, consequências ambientais, além da falta de apoio público, depõem contra essa fonte de energia.Devido ao alto custo, essas tecnologias também bloqueiam importantes recursos que seriam destinados ao desenvolvimento de fontes renováveis, explica Jan Haverkamp, especialista do Greenpeace.As energias renováveis podem fornecer energia mais rapidamente, com custos mais baixos e de mais qualidade do que a energia nuclear. "Cada centavo investido em energia nuclear é um centavo que falta para medidas importantes e eficientes para o ambiente. Nesse sentido, a energia nuclear não é favorável ao clima", diz Haverkamp.Além disso, a energia atômica também tem seus problemas com o clima. Nos verões mais quentes, várias usinas têm de ser desligadas ou retiradas completamente da rede energética, uma vez que o resfriamento dos reatores não podia ser garantido devido ao baixo nível de vários rios."Também por essa razão, mas, principalmente por causa dos altos custos, o termo 'renascimento da energia nuclear' não pode ser justificado, por ir contra os fatos", afirma Mycle Schneider. Ele destaca que há anos a indústria nuclear vem se encolhendo."Nos últimos 20 anos, 95 usinas nucleares foram conectadas às redes e 98 foram desligadas. Se considerarmos a China, já existem 50 usinas a menos do que 20 anos atrás. Não existe uma próspera indústria nuclear." -
- 01/12/2021 - Avaliação de segurança para extensão de Angra 1 sairá no final de 23Eletronuclear defende extensão por 20 anos do prazo de operação da usina. Licenciamento será feito pela CNEN e o Ibama
Eletronuclear defende extensão por 20 anos do prazo de operação da usina. Licenciamento será feito pela CNEN e o Ibama
Fonte: Canal EnergiaUma equipe da Eletronuclear dedicada ao programa de extensão da vida útil de Angra 1 deve apresentar o resultado da reavaliação periódica de segurança da usina em dezembro de 2023 à Comissão Nacional de Energia Nuclear. A análise dos 14 itens exigidos é um passo importante no processo de licenciamento junto à CNEN, para a extensão por 20 anos do prazo da operação da usina.
Há um processo de licenciamento também junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que demanda a apresentação da análise ao órgão ambiental. Isso deverá ser feito no momento apropriado, informou o coordenador da Diretoria Técnica da Eletronuclear e gerente de Geração de Longo Prazo e Renovação de Licença de Angra 1, José Augusto Ramos do Amaral. As licenças atuais, emitidas pela CNEN e o Ibama, vencem em 2024.
"Estamos trabalhando com afinco nessa avaliação”, afirmou o gerente do projeto, durante evento paralelo à décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico. Amaral destacou a importância da prorrogação da operação de Angra 1, a mais antiga das duas usinas nucleares em operação no país. A central tem 640 MW de potência instalada e começou a operar em janeiro de 1985.
Em 2018 foi criada um estrutura específica dentro da Eletronuclear para tratar das ações do programa de operação de longo prazo da usina. O coordenador explica que a empresa já vinha trabalhando nisso há vários anos, mas decidiu criar a gerência com a proximidade do fim do contrato.
Pelas normas da CNEN, o prazo para solicitação da renovação da licença é de cinco anos antes do vencimento, o que foi feito em outubro de 2019. O próximo passo é a reavaliação de segurança da usina, que é feita a cada dez anos . A primeira aconteceu em 2004, a segunda em 2014 e a terceira seria em janeiro de 2024, mas será antecipada para dezembro do ano anterior.
A meta da estatal é solicitar a extensão da licença até 2044. A Eletronuclear vai propor à CNEN usar a metodologia adotada nos Estados Unidos, onde existem mais de 90 usinas nucleares em operação, mas também padrões de avaliação de segurança da Agência Internacional de Energia Atômica.
O plano de operação de longo prazo de Angra 1 envolveu ao longo do tempo ações e melhoramentos, segundo o representante da Eletronuclear. Foram realizadas análises em várias etapas para demonstrar que apesar dos efeitos dos envelhecimento da usina e ela tem condições de continuar operando. Há projetos, mais para a frente, que dependerão de financiamento e a estatal espera contar com o apoio do Eximbank americano.
Para Amaral, existem vários desafios para a execução bem sucedida das atividades que compõem a execução desse programa. Os principais deles, em sua avaliação, são a alocação de recursos humanos com a formação adequada para um trabalho que é complexo e multidisciplinar, a contratação de empresas experientes e qualificadas para apoiar o esforço da Eletronuclear e o atendimento aos requisitos regulatórios e às expectativas, em linha com as melhores práticas internacionais.
Ele também incluiu nessa relação o desenvolvimento de um plano de gerenciamento que represente de maneira clara todas as ações necessárias e possibilidades, o monitoramento adequado e a realização de todos os marcos do projeto. E ainda, o desenvolvimento de um plano de negócios e a negociação de recursos financeiros para apoio à aprovação e execução do projeto.
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- 01/12/2021 - Câmara vota quebra do monopólio da produção de medicamentos contra o câncer. SBPC alerta sobre irremediáveis prejuízos para a população e ciênciaFonte: Blog Tania Malheiros
Todo o sistema de atendimento público e privado a pacientes que dependem de tratamento e diagnóstico contra o câncer pode estar ameaçado a partir desta quarta-feira (01/12). É que a comissão especial da Câmara dos Deputados vota hoje a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 517/2010, visando à quebra do monopólio da produção de radioisótopos (insumos com radiação) capazes de produzir radiofármacos (medicamentos) para salvar vidas de milhares de brasileiros.O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, denunciou que sua presença tem sido vetada nas audiências e alerta que a quebra do monopólio causará danos gravíssimos. "Entendemos que poderá trazer irremediáveis prejuízos à saúde da população brasileira, além de afetar o desenvolvimento científico e tecnológico nesta área tão estratégica da medicina nuclear, a comunidade científica gostaria de ser ouvida para que possa apresentar seus argumentos contrários à aprovação desta PEC.”
A produção nacional dos radiofármacos é de responsabilidade do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN-SP), o maior da América Latina, com mais de 60 anos de existência. O IPEN-CNEN-SP importa os insumos da África do Sul, Holanda e Rússia, com os quais fabrica os radiofármacos para as clínicas privadas e o Sistema Único de Saúde (SUS). O desabastecimento ocorreu em agosto porque o governo não liberou recursos para a importação, gerando uma crise sem precedentes.
Segundo técnicos do setor, a produção de radioisótopos é regulada pela Constituição Federal e há restrições aos que possuem duração (meia-vida) superior a duas horas. A produção, nesses casos, é realizada exclusivamente pelo IPEN-CNEN-SP, instituto de pesquisa de reconhecida excelência.
O projeto visando a quebra do monopólio da produção é de autoria do senador Álvaro Dias (Podemos-PR) e relatado pelo deputado, general Peternelli (PSL-SP). A intenção é permitir que a iniciativa privada explore radioisótopos de meia-vida superior a duas horas.
Peternelli defende a aprovação da PEC afirmando que a permissão de atuação pela iniciativa privada poderia reduzir custos, em um argumento bastante corriqueiro entre os defensores da privatização das responsabilidades do Estado. Mas segundo fontes do setor, é exatamente o contrário. Haverá um aumento substancial dos insumos, se o setor for entregue à iniciativa privada, garantiram especialistas da área pública. Segundo eles, o governo quer também esvaziar outras entidades, como o Centro Nacional de Tecnologia Avançada (CEITEC), empresa pública que é a única fabricante de semicondutores na América Latina.
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- 01/12/2021 - Comissão vota proposta que pode dificultar tratamento contra o câncer no BrasilPEC relatada por deputado bolsonarista muda a política de produção de radioisótopos e pode afetar o tratamento contra o câncer, em especial no SUS
PEC relatada por deputado bolsonarista muda a política de produção de radioisótopos e pode afetar o tratamento contra o câncer, em especial no SUS
Fonte: Revista FórumUm projeto que pode ter consequências graves para o atendimento de câncer no Brasil pode ser aprovado em comissão especial da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (1º). A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 517/2010, que quebra o monopólio da produção de radioisótopos, ou radiofármacos, de duração prolongada (mais de duas horas), preocupa especialistas.
A produção de radioisótopos é regulada pela Constituição Federal e há restrições aos que possuem duração (maia-vida) superior a duas horas. Nesses casos, a produção é realizada exclusivamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e seus institutos, como o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Ou seja, apenas instituições públicas de pesquisa.
O projeto, apresentado pelo senador Álvaro Dias (Podemos-PR) e relatado pelo deputado bolsonarista General Peternelli (PSL-SP), busca justamente permitir que a iniciativa privada explore radioisótopos de meia-vida superior a duas horas. Peternelli defende a aprovação da PEC afirmando que a permissão de atuação pela iniciativa privada poderia reduzir custos, em um argumento bastante corriqueiro entre os defensores da privatização das responsabilidades do Estado.
Essa mesma posição tem sido utilizada pelo governo de Jair Bolsonaro para esvaziar outras entidades, como o Centro Nacional de Tecnologia Avançada (CEITEC), empresa pública que é a única fabricante de semicondutores na América Latina.
Entidades científicas reagem à PEC 517
Essa quebra de monopólio é criticada pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), que foi impedida participar de audiência pública promovida pela comissão. Para a SBPC, a PEC afeta diretamente pacientes em tratamento de câncer, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), e a pesquisa científica em medicina nuclear.
A presença da entidade foi cobrada por parlamentares de oposição que queriam ouvir o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, em audiência antes da votação do parecer do relator.
O Ipen vê o projeto com bastante preocupação. Em parecer enviado ao deputado Alexandre Padilha (PT-SP), o superintendente da instituição, Wilson Calvo, apontou que a aprovação da PEC pode provocar a interrupção na produção dos radiofármacos pelos pesquisadores do Ipen, impactando diretamente nos setores mais vulneráveis da sociedade.
Em parecer, Calvo destacou que o Ipen busca a autonomia em radioisótopos com o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que está em fase de construção, em Iperó (SP). "Com o novo Modelo de Gestão ao Centro de Radiofarmácia do IPEN-CNEN, juntamente com a produção nacional de radioisótopos no RMB, possibilitará ampliar os procedimentos de diagnósticos e terapias, a preços muito mais acessíveis aos pacientes do SUS, democratizando-se a Medicina Nuclear no País. Atualmente, dos próximos de 2 milhões de procedimentos por ano, somente 25% são destinados à população mais carente, a qual mais necessita de Política Pública do Estado”, afirma.
A PEC vai na contramão desse processo.
Além disso, Calvo aponta para a "necessidade de manutenção da infraestrutura de produção, pesquisa, desenvolvimento, ensino e inovação com recursos orçamentários do governo federal. Destaca-se ainda a obrigação premente de recomposição no quadro de servidores”.
Oposição barra relatório
O relatório de Peternelli foi apresentado no dia 10 de novembro, mas ainda não foi apreciado pela comissão em razão de um pedido de vista coletivo apresentado por parlamentares do campo da oposição. Alexandre Padilha (PT-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Jorge Solla (PT-BA) pressionam contra a aprovação do texto e têm feito de tudo para obstruir a proposta que consideram danosa para a saúde pública.
"A quebra do monopólio, ao contrário que é afirmado no parecer do Relator, irá enfraquecer a principal instituição formadora de profissionais para operar os serviços de medicina nuclear, além dos profissionais médicos. Irá também dificultar a oferta para as regiões mais remotas que não têm mercado suficiente para atrair investimentos privados de produção, comercialização e distribuição, o que afetará ainda mais a possibilidade de expansão. Além disso, se considerarmos os preços praticados atualmente pelo IPEN e pelo mercado privado, fica nítido que a quebra do monopólio, levará ao enfraquecimento da produção publica, com sérios riscos de elevação do preço dos produtos, constituindo-se em obstáculo adicional para a sua expansão para o SUS, sobretudo para as regiões menos favorecidas”, apontam Padilha, Feghali e Solla em voto separado apresentado à comissão.
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- 01/12/2021 - Aplicações da Inteligência artificial no INAC - 2021: da análise radiológica de exames de Covid-19 à utilização na segurança de usinas nuclearesFonte: ABEN
Os diversos usos, aplicações e os dilemas éticos e sociais da inteligência artificial (AI) foram apresentados na mesa "Artificial Intelligence” dentro da décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico - International Nuclear Atlantic Conference (INAC 2021), promovida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN).
Participaram da apresentação Lamartine Guimarães, físico do Instituto de Estudos Avançados (IEAV) da Aeronáutica; Marcos Machado, médico e físico da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Roberto Schirru, físico do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ); e Roberto N. Mesquita, físico do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Na abertura da mesa, Lamartine Guimarães falou sobre a atualização e aplicação da AI em paradigmas em ciência e pesquisa nuclear com foco em dois tipos de utilização: aplicação em núcleo naturais, por meio da classificação inteligente de supernovas; e como ferramenta para contribuir na área de segurança nuclear na verificação de falhas e prevenção de acidentes.
O físico e médico da UFBA, Marcos Machado, falou sobre a utilização da AI na área médica com a articulação de exames radiológicos para fazer um diagnóstico de pacientes com Covid-19. A iniciativa, segundo Machado, ajuda o médico a prever e diagnosticar exames de imagens com mais assertividade, relacionando processos químicos, físicos e anatômicos.
Já Roberto Schirru, da UFRJ, problematizou a aplicação da AI dentro no desenvolvimento de ferramentas de segurança na engenharia nuclear e como sistema decisivo de apoio para prevenção de acidentes nas usinas de Angra 1 e Angra 2.
Por fim, Roberto Mesquita, físico do IPEN, apontou os dilemas éticos e sociais envolvendo a utilização da inteligência artificial em áreas como assistência médica, aplicação nuclear, motorização e em atividades que implicam risco de vida.
A programação completa está no site www.inac2021.com.br
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- 01/12/2021 - Por que viabilizar um reator multipropósito brasileiro - palestra durante a INAC 2021A palestra Multipurpose Research Reactor – Past, Presente and Future, do coordenador técnico do Reator de Multipropósito Brasileiro (RMP), José Augusto Perrota, no dia 01/12 às 17h 20, em formato digital (www.inac2021.com.br), dentro do programa da Internacional Nuclear Atlantic Conference INAC 2021, promete ser agitada.
A palestra Multipurpose Research Reactor – Past, Presente and Future, do coordenador técnico do Reator de Multipropósito Brasileiro (RMP), José Augusto Perrota, no dia 01/12 às 17h 20, em formato digital (www.inac2021.com.br), dentro do programa da Internacional Nuclear Atlantic Conference INAC 2021, promete ser agitada.
Fonte: ABEN
Isso porque a discussão em torno da PEC 517, da Câmara dos Deputados, que propõe a flexibilização do monopólio da União na fabricação de radiofármacos (medicamentos compostos por substâncias radioativas, usados para diagnóstico e tratamento de doenças, em especial, diferentes tipos de câncer) jogou holofotes, nos últimos dias, sobre a importância da criação do RMB para produção de radioisótopos e radiofármacos dentro do país.
O que justifica viabilizar esse empreendimento da ordem de U$ 500 milhões? Ser o principal empreendimento de base científica e tecnológica da área nuclear do país e permitir dobrar imediatamente o número de procedimentos anuais realizados em medicina nuclear; garantir a estabilidade no fornecimento de radioisótopos; contribuir para ampliação do número de clínicas e hospitais que oferecem serviços de medicina nuclear; e promover economia de mais de U$15 milhões/ano com custos de importação de insumos.
Hoje, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares- IPEN/CNEN-SP produz mais de 30 diferentes tipos de radiofármacos. Cerca de 2 milhões de procedimentos são realizados, por ano, para atender a mais de 400 clínicas atuando em medicina nuclear, sendo 1,5 milhão para a área privada e somente 500 mil para o SUS.
"A medicina nuclear per capita oferecida no SUS é 1/10 do que é disponibilizado na área privada” – calcula Perrotta.
O IPEN/CNEN-SP arrecada, com essa venda, cerca de R$ 120 milhões/ ano, que são depositados no caixa único do Governo Federal.
Perrotta aponta que a situação atual do setor é de muita preocupação: "O IPEN/CNEN-SP já teve mais de 1600 funcionários e hoje são menos que 600 por falta de reposição das vagas. Os laboratórios estão encerrando atividades e a manutenção e transferência do conhecimento estão comprometidas. O desenvolvimento do RMB sente por demais essa perda das equipes técnicas. Por sua vez, o interesse do setor privado é comercial. Não vai se interessar na pesquisa ampla”.
O empreendimento RMB terá, além do reator nuclear de pesquisa, toda uma infraestrutura de laboratórios para realizar as finalidades propostas, localizada em Iperó (SP) em 2 milhões de metros quadrados. Os principais laboratórios associados são: laboratório de processamento e manuseio de radioisótopos; laboratório de feixe de nêutrons; laboratório de análise pós-irradiação; laboratório de radioquímica e análise por ativação, além de instalações suporte para pesquisadores. Na forma concebida, será o catalisador para um grande centro de pesquisa nacional de aplicação de radiações para benefício da sociedade e da manutenção do conhecimento da tecnologia nuclear.
Essa tecnologia está presente em diversas aplicações para a sociedade, com ênfase em aplicações em especialidades médicas como a cardiologia, oncologia, hematologia e a neurologia. Com ela, é possível realizar diagnósticos precisos de doenças e complicações como embolia pulmonar, infecções agudas, infarto do miocárdio, obstruções renais, demências. É uma das melhores e mais eficientes maneiras de detectar o câncer, pois define o tipo e extensão de um tumor no organismo, o que ajuda na decisão sobre qual o tratamento mais adequado para cada caso
O RMB também será usado para testar combustíveis nucleares para os reatores de potência utilizados no Brasil, e promover pesquisas básicas e tecnológicas em aplicações as mais diversas, como na indústria, na agricultura e no meio ambiente, dentre outras.
Hoje o empreendimento possui as condições técnicas de iniciar a construção, mas não dispõe de recursos financeiros e humanos para sua realização.
Acompanhe a programação completa da INAC2021 em www.inac2021.com.br
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- 30/11/2021 - Especialistas debatem irradiação de alimentos como futuro para a agricultura no INAC 2021MAPA idealiza plano de negócio para aumentar exportações
MAPA idealiza plano de negócio para aumentar exportações
Fonte: ABEN
Na tarde desta terça-feira, 30, a aplicação da tecnologia nuclear no setor agrícola foi debatido por pesquisadores e especialista no XV Encontro de Aplicações Nucleares (XV ENAN), realizado dentro da décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico - International Nuclear Atlantic Conference (INAC 2021), promovida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN).
O encontro promoveu um debate em torno do fomento de planos de negócios e da desmistificação do consumo e do custo para promover a irradiação de alimentos, técnica que expõe os produtos agrícolas a uma quantidade de radiação controlada e que pode colaborar com a conservar alimentos para exportação, o controle biológico e erradicação de pragas e insetos.
Conforme apresentado, a energia nuclear vem sendo utilizada em diversas partes do mundo na desinfestação de larvas em frutas.
A mesa foi coordenada por Anna Lucia Villavicencio, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), e Valter Arthur do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA). Entre os debatedores, estiveram Luis Rangel, diretor de Estudos e Prospecção da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura (MAPA); Tiago Rusin, Assessor Técnico no Departamento de Coordenação do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI); e Roberto Betancourt, diretor titular de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Luiz Rangel apresentou alguns pontos do plano de negócios para irradiação na agropecuária desenvolvido pelo MAPA. Segundo ele, até 2050 a demanda por alimentos no mundo crescerá 33%, sendo necessário que o Brasil se prepare para superar as barreiras sanitárias envolvendo a exportação de alimentos e atenda à demanda necessária no futuro.
Roberto Betancourt, da Fiesp, destacou a prioridade em se pensar e criar estratégias para implementação da irradiação de alimentos, para ele "essa técnica vai contribuir com redução de perdas e do desperdício de alimentos, reduzindo os custos da operação de produção e transporte”, ressalta. Ao exemplificar a cadeia de produção do amendoim, Betancout, sugere que a adoção da irradiação pode possibilitar uma redução de 15% de perdas e aumentar o dobro das exportações no País.
"O país tem técnicas altamente qualificadas, falta desmistificar a utilização da irradiação e partir para ação. Precisamos deixar de utilizar produtos químicos que deixam resíduos e produzir produtos de valor agregado” revela Betancout.
Por fim, Tiago Rusin fez uma apresentação da estrutura organizacional e das estratégias do governo brasileiro para promover a técnica de irradiação de alimentos no País. Para Rusin, o intuito é ampliar a durabilidade de forma segura, reduzindo o desperdício e expandindo o mercado exportador. "O projeto piloto de irradiação de mangas mostrou que elas duram em médida três vezes mais depois da exposição à energia nuclear. A irradiação elimina parasitas e reduz o brotamento em muitos vegetais” explicou.
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- 30/11/2021 - Aplicações Nucleares na BiomedicinaO soro terapêutico que reduz o avanço da Covid e a pele “humana” a partir do colágeno de peixe, que sai na impressora 3D
O soro terapêutico que reduz o avanço da Covid e a pele “humana” a partir do colágeno de peixe, que sai na impressora 3D
Fonte: ABEN
Desde abril do ano passado, o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares – IPEN/CNEN, vem promovendo testes de inativação de vírus SARS-COV-2, do Coronavírus, através de radiação ionizante com fonte de cobalto 60. Segundo a farmacêutica-bioquímica Mônica Mathor, "chegaram a um soro terapêutico para ser usado em pacientes com comorbidades, contaminados pela Covid. A Anvisa já aprovou o estudo clínico no Hospital do Rim e para pacientes oncológicos do Hospital das Clínicas”.
"Esses estudos mostraram outra aplicação desse processo de radiação no SARS-CoV-2, um vírus muito sensível à radiação: a esterilização de tecidos biológicos para bancos de tecidos (muito pouco usados por causa da pandemia)”, conta Mônica.
Uma técnica tem sido explorada nessa linha de reposição de tecidos humanos usando a pele de tilápia – desenvolvida no IPEN há cerca de quatro anos e que hoje tem mais de 200 pesquisadores envolvidos no estudo de multicentros em todo o mundo.
Os pesquisadores descobriram que retirando colágeno da pele de tilápia esterilizada por radiação e injetando numa impressora 3D é possível fabricar pele.
O assunto foi um dos temas do Encontro Nacional de Aplicações Nucleares – ENAN, que aconteceu dentro da INAC 2021. Mais especificamente na mesa redonda "New Trends in Radiation Processing”, no dia 30/11/21.
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